Postagem 27/jun/2015...
E o TCU, será investigado?
Ricardo Pessoa encalacrou também o SD de Paulinho da Força
A polvorosa com o vazamento da delação premiada do
empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, deve-se essencialmente à afirmação
de que doou R$ 7,5 milhões à campanha da presidente Dilma Rousseff em
2010, numa lista que inclui políticos de diferentes partidos. Isso
reforça a aposta da posição no impeachment dela. O PSDB agora pode
animar-se a pedir a abertura de processo contra Dilma mas o caminho não
será simples como foi com Collor em 1992.
Os R$ 7,5 milhões doados à
campanha de Dilma foram declarados ao TSE, assim como os R$ 250 mil
doados ao senador tucano Aloysio Nunes Ferreira, que foi vice na chapa
de Aécio. Como provar que a doação para Dilma é fruto de propina e as
dos outros foram legais?
Ademais, o crime eleitoral de caixa dois, se confirmado, não figura entre os crimes de responsabilidade que levam ao impeachment. A rigor, seria juridicamente mais viável o processo por conta de irregularidades fiscais e violação da lei orçamentária, estes sim, integrantes do rol de crimes de responsabilidade.
Ademais, o crime eleitoral de caixa dois, se confirmado, não figura entre os crimes de responsabilidade que levam ao impeachment. A rigor, seria juridicamente mais viável o processo por conta de irregularidades fiscais e violação da lei orçamentária, estes sim, integrantes do rol de crimes de responsabilidade.
No mais, todos sabemos mais sobre como são financiadas as campanhas
do que sobre a fabricação de linguiças. Revelação bem mais original foi a
de que, segundo matéria publicada na noite desta sexta-feira, 26, pela
Folha de São Paulo, Pessoa pagou propina de U$ 1 milhão para obter do
TCU a homologação da licitação para a construção da usina de Angra 3,
vencida por um consócio que a UTC integra, ao lado da Odebrecht e outras
empreiteiras, ao custo de R$ 3,2 bilhões.
Segundo a Folha, o contato de Pessoa com o TCU era feito por Tiago
Cedraz, filho do ministro Aroldo Cedraz, um ex-deputado do PFL, ligado a
ACM na Bahia. Ele não se reelegeu em 2006 e foi indicado para uma vaga
do TCU que cabia à Câmara, numa votação em que derrotou por 22 votos o
ex-deputado Paulo Delgado, um dos quadros mais brilhantes que a bancada
do PT teve no passado. Hoje Cedraz presidente o TCU.
O relator do processo foi o ministro Raimundo Carrero, que por muitos
anos foi secretário-geral da Mesa do Senado e hoje é vice-presidente do
tribunal. À Folha, ele garantiu nunca ter recebido recursos ilícitos em
sua vida mas não explicou por que liberou a licitação à qual vinha
fazendo tantas restrições técnicas.
Tiago Cedraz, segundo Pessoa, ganhava R$ 50 mil mensais pela atuação
junto ao TCU, onde dizia ter acesso aos ministros e técnicos. Para
resolver o problema de Angra, disse precisar de R$ 1 milhão. Pessoa
disse ter pago a quantia mas não saber a quem ela se destinava dentro
do tribunal. Tiago Cedraz admitiu que trabalhou para o consórcio de
Angra 3 mas para atuar junto à contratante, a estatal Eletronuclear, e
anunciou que processará Pessoa.
Aqui, outra surpresa irônica. Segundo Ricardo Pessoa, um dos
emissários de Tiago para receber pagamentos foi Luciano Araújo,
tesoureiro nacional do Partido Solidariedade. Sim, o partido do deputado
Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, que foi ativo
participantes das manifestações contra o Governo e é um ardoroso
defensor do impeachment de Dilma. Luciano disse que seus contatos com
Pessoa, a quem foi apresentado por Tiago, foram para obter doação de R$
1,2 milhão ao Partido Solidariedade em 2014. Esta doação não aparece
entre que Ricardo Pessoa teria revelado na delação.
E esta denúncia envolvendo o TCU, será devidamente investigada? Que
fará com ela o ministro Teori Zavascki? Será preciso descobrir se
Pessoa fez mesmo este pagamento a Tiago Cedraz e, em caso positivo, quem
ficou com o dinheiro, se foi ele mesmo ou algum ministro da corte onde
neste momento todos posam de vestais no julgamento das contas do governo
Dilma.
Original disponível em: (http://terezacruvinel.com/2015/06/27/e-o-tcu-sera-investigado/). Acesso
em: 27/jun/2015.
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