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sexta-feira, 24 de maio de 2013

O novo ministro do STF... (Paulo Nogueira)

O novo ministro do STF defende a reserva de mercado da mídia

PAULO NOGUEIRA 24 DE MAIO DE 2013 28

A escolha de Barroso não é exatamente animadora.
O novo ministro não é exatamente animador
O novo ministro tem muita proximidade com a Globo
Se alguém tivesse que dar uma instrução ao novo integrante do STF, Luís Roberto Barroso, seria mais ou menos assim: “Amigo, observe tudo que seus companheiros fazem com atenção. E depois faça o oposto.”
Barroso substitui uma pequena calamidade chamada Ayres Brito. O maior legado de Ayres Brito foi privar a sociedade brasileira do direito de resposta na mídia em casos de calúnia e difamação.
Depois, ele conseguiu entender que não havia conflito de interesses na relação justiça e mídia e fez um sofrido prefácio para o livro – a esta altura completamente morto, dados os novos fatos – de Merval Pereira sobre o mensalão.
Seria de supor que Dilma, depois da barbeiragem espetacular na escolha de Luiz Fux, tenha sido mais cuidadosa ao optar por Barroso.
Mas uma visita ao blog de Barroso não chega a ser exatamente animadora. Para começo de conversa, ele foi advogado da Abert, a associação de empresas de rádio e televisão que obedece ao comando da Globo.
Logo, suas relações com a Globo estão, desde já, sob suspeita de promiscuidade.
Isso fica claro num artigo que está em seu blog, e que ele escreveu exatamente para o Globo, em 2011. Nele, defendeu, com argumentos bisonhos, a manutenção de reserva de mercado para as empresas jornalísticas brasileiras.
É a chamada pataquada.
Considere.
“A primeira questão a ser enfrentada diz respeito ao fato de que as empresas genuinamente brasileiras que atuam
nesse mercado não podem ter mais de
30% de capital estrangeiro, por imposição constitucional. Admitir-se empresas com 100% de capital estrangeiro fazendo jornalismo ou televisão no Brasil não apenas viola a Constituição como cria uma competição desigual. Imagine se um jogo de futebol em que um dos times devesse observar as regras tradicionais e o outro pudesse pegar a bola com a mão, fazer faltas livremente e marcar gols em impedimento. A injustiça seria patente.”
Ora, por que as regras seriam diferentes? Por que qualquer empresa estrangeira de mídia no Brasil poderia pegar a bola com a mão? A legislação de mídia seria a mesma, como acontece com qualquer outro ramo.
Nos anos 1990, o Brasil se livrou da reserva de mercado para automóveis, com ganhos expressivos para os consumidores, que se livraram das carroças caríssimas.
As novas fábricas que se instalaram no país, como a Fiat ou a Toyota, viveram desde o primeiro instante sob as mesmíssimas regras das demais montadoras.
Se essa lógica patética valesse, estaríamos sob reserva de mercado em todas as áreas. Você talvez estivesse condenado a ter um laptop da Itautec.
Mas Barroso foi adiante em sua insana cavalgada a favor do atraso.
“Existem (…) razões mais substantivas para que as regras sejam mantidas e respeitadas. O Brasil é um país cioso de suas tradições culturais, que  incluem uma belíssima música popular, o melhor futebol do planeta, novelas premiadas mundo afora e cobertura jornalística acerca dos fatos de interesse nacional.
Entregar o jornalismo e a televisão ao controle estrangeiro poderia criar um ambiente de surpresas indesejáveis. No noticiário e na programação, teríamos touradas ou jogos de beisebol. Ou, quem sabe, de hora em hora, entraria em tela cheia a imagem do camarada Mao, grande condutor dos povos. Como matéria de destaque, uma reportagem investigativa provando que Carlos Gardel era uruguaio e não argentino. Pura emoção. À noite, um documentário defenderia a internacionalização da Amazônia.”
Raras vezes foram ditas tantas estupidezes num só parágrafo. Raras vezes uma situação de inaceitável privilégio foi defendida com tamanha pobreza de argumentos.
Um homem que escreve essas coisas — que deveriam ter efeito desqualificador em qualquer escolha — ter chegado as STF mostra quanto é baixo e primário o nível do sistema judiciário brasileiro, e quanto é frágil o critério de opção dos governos.
(http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-novo-ministro-do-stf-defende-a-reserva-de-mercado-da-midia/). 

sábado, 27 de novembro de 2010

Judiciário é a maior ameaça à liberdade de imprensa hoje, diz Ayres Britto

Saiu no Estadão:
Judiciário é a maior ameaça à liberdade de imprensa hoje, diz Ayres Britto
por Jair Stangler

O ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal, declarou nesta sexta-feira, 26, que o Poder Judiciário é, hoje, a maior ameaça à liberdade de imprensa em nosso País.
O ministro participou na tarde desta sexta do Seminário Cultura de Liberdade de Imprensa, promovido pela TV Cultura. Também participaram do evento o ministro Franklin Martins e o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.

“Não perco oportunidade de cortar na própria carne”, continou Ayres Britto. “Há nichos que parecem vigorar no passado. A lei de imprensa foi sepultada pelo STF e uma parte do Judiciário parece não entender isso”, completou.
O ministro concordou que constituem censura decisões como a que proibiu o jornal ‘O Estado de S.Paulo’ de publicar reportagens sobre a Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, que investiga o empresário Fernando Sarney, filho de José Sarney.

Ayres Britto comentou ainda a decisão do STF que derrubou os dispositovos da Lei Eleitoral (9.504/1997). “O humor é o tipo de crítica mais sarcástico, mais cáustico. E a gente disse o quê? É plena a liberdade de imprensa, inclusive em época de eleição.
Conseguimos emplacar a ideia de que o humor a sátira são atividades tipicamente de imprensa”, afirmou.

Para Ayres Britto, não pode haver outra lei sobre liberdade de imprensa além da própria Constituição. “Para a nossa Constituição, a liberdade de imprensa não conhece meio termo, não é uma liberdade pela metade. Ou é total ou não é liberdade de imprensa”, afirmou.

“Há um regime constitucional sobre a liberdade de imprensa, a Constituição é a lei orgânica sobre liberdade de imprensa. Nenhuma outra lei pode ter a pretensão de conformar a liberdade de imprensa, a não ser pontualmente.
Direito de resposta, direito de indenização, participação de empresas estrangeiras, tudo isso é matéria lateralmente de imprensa, mas não é o núcleo duro. Onde se afirma o núcleo duro da liberdade de imprensa, não pode haver lei. Não pode haver lei dispondo sobre o tamanho e a extensão da liberdade de imprensa, e sua duração”, acrescentou.

De acordo com o ministro, a liberdade de imprensa se antagoniza com outros bens de personalidades como o direito à intimidade, à imagem, à vida privada e à honra.
“Não há como conciliar esses blocos sem uma precedência cronológica de um sobre o outro. Os países que se orgulham do patamar elevado de civilização, esses países chegaram a uma conclusão: a liberdade de imprensa tem precedência, tem primazia, seja qual for o debate físico ou tecnológico”, afirma.
“O outro bloco incide a posteriori, no plano das responsabilizações, dizer o contrário, é defender a censura prévia. Nenhum poder pode dizer o que o jornalista pode ou não pode escrever, isso é rechaçado radicalmente pela Constituição”, completa.

Ao longo de sua fala, o ministro Ayres Britto fez uma defesa apaixonada do jornalismo. ”Quem forma a opinião pública, por definição, é a imprensa. É o locus do pensamento crítico, que é um pensamento elaborado, racionalmente urdido. A imprensa cumpre o papel de buscar a essência das coisas, tem uma função emancipadora, é irmã siamesa da democracia. No mundo inteiro, mantém uma relação de unha e carne com a democracia.
A imprensa é serviente da democracia, e a democracia é a menina dos olhos da Constituição, o valor mais alto”, afirmou.

...Disponível no Portal Conversa Afiada: (http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2010/11/27/ayres-britto-judiciario-ameaca-liberdade-de-imprensa-ela-tem-primazia/). Aesso em: 27.nov.2010.