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quinta-feira, 9 de julho de 2015

Grécia apela à solidariedade e lembra perdão da dívida alemã em 1953 (Cf. Sputnik News)

Postagem 09/jul/20150...

Tsipras apelou à solidariedade e deu uma "aula de história" para o Parlamento Europeu, lembrando que, após a Segunda Guerra Mundial, em 1953, parte da dívida da Alemanha foi perdoada.

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, pediu nesta quarta-feira que a União Europeia aja em "solidariedade com a Grécia, para que as reformas necessárias sejam feitas". 
As instituições europeias e os credores esperam receber propostas de Atenas até à meia-noite de quinta-feira. Eles terão 48 horas para examiná-las antes da cúpula no domingo.
A Grécia está sob intensa pressão para elaborar um plano de última hora de reformas econômicas, aumento de impostos e cortes de gastos para garantir um futuro na zona do euro e evitar o colapso financeiro. A Grécia comprometeu-se a fazer reformas na área dos impostos e das pensões "a partir da próxima semana" em troca de um empréstimo a três anos ao Mecanismo Europeu de Estabilização (MEE), indicou o ministro das Finanças grego. 
Agora é especialmente evidente que a Grécia não quer sair da zona do euro. O próprio Tsipras disse no seu discurso ao Parlamento Europeu:
"Se quisesse sair do euro, não tinha vindo aqui".
Ele também negou que haja um plano "secreto" para tirar o país da zona do euro, segundo boatos que circularam pelos corredores do eurogrupo no início desta semana. A Comissão Europeia e alguns países que exercem liderança no bloco, como a França e a Alemanha, são contra a saída dos gregos da UE.
A proposta enviada por Tsipras e por seu ministro das Finanças, Euclidis Tsakalotos, prevê que, com o novo financiamento, a Grécia comece a reformar o seu sistema de pensões imediatamente, assim como o sistema fiscal. As propostas atendem ao pedido da chanceler alemã, Angela Merkel, que pediu um plano "mais duro" aos gregos nesta terça-feira. 
As propostas inflamaram o parlamento europeu, com aplausos, vaias e gritos. Mas Tsipras continua repetindo a palavra "solidariedade", que irrita muito a maioria dos políticos europeus. Assim, ele lembrou que um gesto de grande solidariedade na História da Europa foi quando, em 1953, a dívida de guerra da Alemanha foi perdoada em 60%. Isso permitiu a Alemanha recuperar rapidamente após a derrota e reemergir como potência econômica mundial.
27 de Fevereiro de 1953. Acordo de Londres sobre as Dívidas Alemãs. Entre os países que perdoaram 50% da dívida alemã estão a Espanha, Grécia e Irlanda.
27 de Fevereiro de 1953. Acordo de Londres sobre as Dívidas Alemãs. Entre os países que perdoaram 50% da dívida alemã estão a Espanha, Grécia e Irlanda.
Passou mais de meio século e a situação econômica do mundo mudou, mas a Grécia aparentemente espera que o cenário de 1953 possa ser aplicado para manter a Grécia na zona do euro.
"O euro e a austeridade são gêmeos siameses. O seu povo não vai escapar de austeridade sem sair do euro", respondeu a Tsipras a líder da Frente Nacional, Marine Le Pen.
Ao que parece, as coisas não se vão esclarecer até a cúpula no domingo.


Leia mais: http://br.sputniknews.com/mundo/20150709/1519003.html#ixzz3fS13YlIz

sábado, 16 de junho de 2012

Alexis Tsipras: O camarada grego (Rodrigo Turrer)


PERSONAGEM DA SEMANA - 16/06/2012 08h45

Alexis Tsipras: O camarada grego

O jovem líder da extrema-esquerda, que está perto de comandar a Grécia, pode determinar o futuro da Europa

RODRIGO TURRER
DO CONTRA Tsipras numa conferência em maio, em Berlim, onde apresentou suas ideias. Ele recusa o pacote europeu de austeridade (Foto: Sean Gallup/Getty Images)


O favorito para se tornar o novo primeiro-ministro da Grécia é fã do presidente venezuelano, Hugo Chávez. O engenheiro civil Alexis Tsipras também considera a Revolução Cubana um exemplo para o mundo. Aos 37 anos, ele se destaca com seu discurso contra a austeridade europeia e uma imagem descolada da velha e corrupta política grega. Seu partido, o Syriza, de extrema-esquerda, lidera as pesquisas para as eleições do dia 17.

Essas eleições só foram convocadas porque, no último pleito, realizado em maio, nenhuma legenda foi capaz de formar uma coalizão. O Syriza, que abarca trotskistas, socialistas e verdes – e jamais obtivera mais de 5% dos votos numa eleição geral –, conseguiu 17%. Foi um sinal de decadência dos partidos tradicionais, o conservador Nova Democracia e o socialista Pasok. Desta vez, o Syriza lidera as pesquisas – nos últimos levantamentos oficiais divulgados, tinha cerca de 25% das intenções de voto. Tamanha ascensão em tão pouco tempo pode ser creditada, em boa parte, a Tsipras. Sob uma taxa de desemprego de 22%, uma contração de 6,2% no Produto Interno Bruto no primeiro trimestre de 2012 e o quinto ano seguido de recessão, os gregos não aceitam apertar o cinto ainda mais, como defende a União Europeia. Tsipras diz o que muitos gostariam de ouvir: “Devemos dizer ‘não’ ao pacote de austeridades imposto pelos políticos traidores”.

A habilidade política de Tsipras foi desenvolvida em mais de 20 anos de militância. Nascido em julho de 1974, numa família de classe média de Atenas, ele começou sua vida política aos 14 anos. Em 1988, numa assembleia estudantil para definir representantes de turma no colégio Ampelokipoi, em Atenas, chamou a atenção de estudantes mais velhos, que o recrutaram para a Juventude Comunista da Grécia, um grupo pró-soviético. Um dos veteranos que se surpreenderam com a retórica daquele rapaz foi Vasilis Papadopoulos, ex-colega do curso de engenharia civil na Universidade Politécnica de Atenas e hoje um amigo que frequenta a casa dos Tsipras. “Ao contrário da maioria dos políticos gregos, que gritam, suam e se descabelam, Tsipras sempre soube argumentar de modo calmo e claro”, afirma Papadopoulos. “Aos 17 anos, ele já se preocupava mais com estratégias pragmáticas para obter resultados.” Na juventude, a política convivia com outra paixão, o futebol. Torcedor do Panathinaikos, não perdia nenhum jogo no Estádio Olímpico de Atenas.

Tsipras argumenta de modo calmo e claro, ao contrário dos políticos gregos"
Vasilis Papadopoulos, amigo de Tsipras

Quem mais apoiou a carreira de Tsipras foi sua mulher, Peristera Baziana, de 38 anos. Betty, como é conhecida, está grávida do segundo filho do casal – o primogênito, Paul, tem 2 anos e meio. Os dois começaram a namorar no colégio, em 1986. Nunca mais se separaram, embora não sejam casados no papel. Entraram juntos na Juventude Comunista e participaram de ocupações de universidades e escolas em 1991. Formada em engenharia elétrica pela Universidade de Patras, Betty incentivou Tsipras a juntar-se ao Syriza e a dedicar-se à política. “Betty é a conselheira mais próxima, a pessoa a quem ele recorre quando quer tomar uma decisão”, afirma Yannis Bournous, amigo do casal e porta-voz do Syriza.

Tsipras tornou-se um nome nacional em 2006. O então presidente do Syriza, Alekos Alavanos, percebeu que ele atraía jovens para o partido com facilidade e lançou sua candidatura para a prefeitura de Atenas. Sob o slogan “Vamos virar esta cidade de cabeça para baixo”, Tsipras ficou em terceiro lugar, com 10,5% dos votos, um feito notável para o Syriza. Dois anos depois, numa luta interna dentro do partido, Tsipras apeou Alavanos da presidência.

A escalada de Tsipras provoca arrepios nos políticos europeus. Em suas mãos pode estar a chave para o futuro do euro – e da União Europeia. Sua vitória pode vir a tirar a Grécia da moeda única, com resultados imprevisíveis. Na Grécia, parte da esquerda louva a firmeza com que Tsipras se coloca diante do bloco europeu. “Ele pode não ter uma política clara, mas tem uma estratégia para enfrentar (a chanceler alemã) Angela Merkel”, diz o grego Alex Kazamias, professor de ciência política da Universidade de Coventry, no Reino Unido.

Tsipras pode levar o país ainda mais para o abismo. É difícil convencer o grego comum, especialmente aquele que hoje sobrevive com doações de comida, de que o equilíbrio fiscal e monetário é crucial para a recuperação do país. Para ele, Tsipras surge como um cavaleiro da esperança – mas pode revelar-se do desespero.

CRISE Uma voluntária distribui sopa em Atenas. Tsipras promete priorizar os problemas sociais (Foto: Kostas Tsironis/AP)
 CRISE
Uma voluntária distribui sopa em Atenas. Tsipras promete priorizar os problemas sociais
(Foto: Kostas Tsironis/AP)

Do Portal Revista Época: (http://revistaepoca.globo.com/Mundo/noticia/2012/06/alexis-tsipras-o-camarada-grego.html). Acesso em: 16/jun/2012.

sábado, 10 de março de 2012

GRÉCIA: MERCADOS FESTEJAM O FUNERAL DE UMA NAÇÃO (Saul Leblon)


08/03/2012

GRÉCIA: MERCADOS FESTEJAM O FUNERAL DE UMA NAÇÃO

Mercados e bolsas festejam o acordo fechado nesta 5ª feira entre a Grécia e os bancos credores, que concederam ao país um desconto médio de 50%, em troca de garantias e reformas que asseguram o pagamento do passivo restante. 

Há razões para a banca comemorar: a adesão dos bancos ao desconto de 50% representa, no fundo, o oposto do que transparece e se alardeia. Trata-se de uma gigantesca transfusão, talvez a mais radical desde o Tratado de Versalhes, do sangue de um povo a credores pantagruélicos e interesses assemelhados. Uma derrota superlativa da democracia grega, que marcará a história do país por décadas; e provavelmente destruirá seu sistema representativo, marcado por traição nacional maiúscula. 

As eleições parlamentares de abril agora podem funcionar como a espoleta dessa bancarrota. O processo consumado nesta 5ª feira compromete a vida da atual geração, a dos seus filhos e a dos netos que um dia eles terão. Em troca de um desconto sobre uma dívida impagável -- contraída num intercurso entre governos irresponsáveis e banqueiros cúmplices-- o Estado grego assinou uma espécie de testamento à favor dos mercados. Em seguida, consumou o suicídio político da democracia. A partir de agora, e por prazo indeterminado, a Grécia rende-se ao papel de protetorado das finanças internacionais. Um protetorado a ser alardeado como paradigma de bom comportamento.

Um diretório nomeado pelos mercados terá poderes legais para monitorar a tosquia do país, com direito a vetar orçamentos e redirecionar recursos prioritariamente ao pagamento de banqueiros. O que a coalizão socialdemocrata e conservadora fez foi municiar-se de um álibi internacional para sancionar um arrocho salarial indecente -o salário mínimo foi ineditamente reduzido; como ele, as pensões;demissões maciças da ordem de 150 mil funcionários públicos estão em marcha (15 mil já foram efetuadas este ano); privatizações e cortes na saúde e educação desencadearam surtos de suicídios e fome nas escolas. A entrega de crianças pobres a orfanatos é a tragédia mais recente protagonizada por famílias desesperadas. 

Compare-se com o que fez a Argentina de Kirchner há nove anos para se ter a medida da regressividade acatada por Atenas. Em 2003, a Argentina era uma espécie de Grécia da América do Sul. Desacreditada aos olhos de seu próprio povo, balançava como um 'joão bobo' nas mãos do capital especulativo interno e externo. Nestor Kirchner herdou do extremismo neoliberal uma taxa de pobreza de 60% sobre uma população de 37 milhões de argentinos. 

A dívida de US$ 145 bilhões, impagável, corroía seu sistema financeiro. Os credores sobrevoavam a nação argentina à espera do melhor momento para arrancar os seus olhos e o que lhe restasse ainda da carne, como fizeram nesta 5ª feira com a Grécia. O cerco internacional era avassalador. A diferença é que Nestor Kirchner não se dobrou: impôs um desconto unilateral e incondicional de 75% da dívida aos credores --ganhou margem de soberania, portanto, ao contráreio da rendição grega espetada em sacrifícios brutais. Com independência, a Argentina desvalorizou o câmbio, congelou tarifas, destinou a receita crescente a programas sociais e de fomento; não ao pagamento à banca, como reza a rendição grega. 

A taxa de pobreza recuou a 10% da população. A economia argentina foi a que mais cresceu no hemisfério ocidental na última década. Cristina foi reeleita em 2011 com apoio esmagador. Os desdobramentos virtuosos desse braço de ferro são espertamente omitidos pela crítica conservadora que tenta desmerecer os ganhos econômicos e sociais da soberania argentina, ao mesmo tempo em que edulcora o escalpo da sociedade grega. E o faz por uma razão compreensível: eles realçam as dimensões catastróficas dos desastres em marcha na Grécia, Espanha, Portugal e outros, submetidos à dose dupla de um purgante ortodoxo inútil, que o êxito da nação latinoamericana derrotou e desmoralizou.
Postado por Saul Leblon às 17:44

Como o Goldman Sachs ajudou a quebrar a Grécia (Eduardo Febbro, tradução Katarina Peixoto))


Internacional| 09/03/2012 | Copyleft 

Como o Goldman Sachs ajudou a quebrar a Grécia

O Goldman Sachs encheu seus cofres com 600 milhões de euros quando ajudou a Grécia a maquiar suas contas a fim de que este país preenchesse os requisitos para ingressar na zona do euro, a moeda única europeia. O resultado da operação foi uma gigantesca fraude que fez do suposto salvador, no caso o Goldman Sachs, o operador da derrocada da Grécia e de boa parte da Europa. Mario Draghi, atual presidente do BC Europeu, na época, era vice-presidente do Goldman Sachs para a Europa. O artigo é de Eduardo Febbro.

Paris - Há empresas que roubam para o império para o qual trabalham. A Goldman Sachs é uma delas. O banco de negócios norteamericano encheu seus cofres com um botim de 600 milhões de euros (800 milhões de dólares) quando ajudou a Grécia a maquiar suas contas a fim de que este país preenchesse os requisitos para ingressar na zona do euro, a moeda única europeia.

A informação não é nova mas até agora se desconheciam os detalhes mais profundos do mecanismo pelo qual o Goldman Sachs enganou todos os governos europeus que participavam da criação da moeda única. O porta estandarte da oligarquia financeira operou protegido por sólidas cumplicidades no seio das instituições bancárias europeias e dentro do poder político, que fez tudo o que esteve ao seu alcance para impedir as investigações.

Dois dos protagonistas desta mega fraude falaram pela primeira vez sobre as transações encobertas mediante as quais Atenas escondeu o tamanho de sua dívida. Trata-se de Christoforos Sardelis, chefe do escritório de gestão da dívida grega entre 1999 e 2004, e de Spyros Papanicolaou, o homem que o substituiu-o até 2012.

O resultado da operação foi uma gigantesca fraude que fez do suposto salvador, no caso o Goldman Sachs, o operador da derrocada da Grécia e de boa parte da Europa. Levando-se em conta somente os bancos franceses, a aventura grega custou 7 bilhões de euros : o BNP Paribas perdeu 3,2 bilhões, o Crédit Agricole, 1,3 bilhões, a Société Générale, 892 milhões, o BPCE, 921 milhões e o Crédit Mutuel, 359 milhões. Esse foi o custo só para o sistema bancário francês : os povos pagaram e pagarão em sacrifícios e privações muito mais do que isso.

A operação financeira foi astuta. O Tratado de Maastricht, da União Europeia, fixava requisitos rígidos para integrar o euro : nenhum membro da zona euro podia ter uma dívida superior a 60% do PIB e os déficitis públicos não podiam superar os 3%. Em junho de 2000, para ocultar o peso gigantesco da dívida grega, que era de 103% de seu PIB e obter assim a qualificação da Grécia para entrar no euro, Goldman Sachs bolou um plano : transportou a dívida grega de uma moeda a outra.

A transação consistiu em mudar a dívida que estava cotizada em dólares e em yens para euros, mas com base em uma taxa de câmbio fictícia. Assim se reduziu o endividamento grego e, com isso, a Grécia respeitou os critérios fixados pelo Tratado de Maastricht para ingressar no euro. Um detalhe complicou a maquiagem: o Goldman Sachs estabeleceu um contrato com a Grécia mediante o qual dissimulou o acerto sob a forma do que se conhece como um SWAP, um contrato de câmbio para os fluxos financeiros que equivale a uma espécie de crédito.

Esse esquema fraudulento fez com que, na base dos chamados « produtos derivativos » implicados na operação, em apenas quatro anos a dívida que a Grécia contraiu com o Goldman Sachs passasse de 2,8 bilhões de euros para 5,1 bilhões. Dois jornalistas da agência Bloomberg, Nick Dunbar e Elisa Martinuzii, realizaram uma paciente investigação ao término da qual desnudaram este obscuro mecanismo.

Segundo explicou aos jornalistras o chefe do escritório de gestão da dívida grega entre 1999 e 2004, Christoforos Sardelis, neste momento a arquitetura da proposta do Goldman Sachs escapou de suas mãos. Logo em seguida, disse Sardelis, os atentados de 11 de setembro e uma má decisão dos bancos plantaram a semente do desastre atual. A conclusão da investigação é contundente : Grécia e Goldman Sachs hipotecaram o futuro do povo grego e acionaram uma bomba relógio que, 10 anos mais tarde, explodiria nas mãos da sociedade.

Em matéria de grandes fraudes organizados por bancos de investimento a impunidade é a regra. Ninguém foi nem será condenado. Christoforos Sardelis afirmou que « o acordo com o Goldman Sachs é uma história muito sexy dentre dois pecadores. O Goldman Sachs obteve apetitosos lucros nesta operação truculenta. No entanto, o banco de negócios norteamericano afirma em sua defesa que não fez nada de ilegal, que tudo o que foi realizado respeitava ao pé da letra as diretrizes do Eurostat, o organismo europeu de estatísticas.

O Eurostat, por sua vez, alega que só tomou conhecimento em 2010 dos níveis de endividamento grego. A defesa parece pobre porque as primeiras denúncias sobre a maquiagem das contas gregas e o papel desempenhado pelo Goldman Sachs datam de 2003.

Em um informe de 2004, o Eurostat escreveu : « falsificação generalizada dos dados sobre o déficit e a dívida por parte das autoridades gregas ». Graças à cumplicidade do organismo financeiro norteamericano e de várias instâncias e personalidades europeias, a Grécia pôde dissimular durante vários anos o « pacote » escondido de sua dívida. Em 2010, Jean Claude Trichet, então presidente do Banco Central Europeu (BCE), se negou a entregar os documentos requeridos para dar a conhecer a amplitude da verdade.

No meio a esta grande mentira, há um personagem que hoje é central : trata-se de Mario Draghi, o atual presidente do Banco Central Europeu e grande partidário de terminar de uma vez por todas com o modelo social europeu. Draghi é um homem do Goldman Sachs. Entre 2002 e 2005 foi vice-presidente do Goldman Sachs para a Europa e, por conseguinte, estava a par da falsificação de dados sobre as finanças públicas da Grécia. Foi o seu próprio banco que estruturou a falsificação.

O liberalismo premia muito bem seus soldados. Durante dois anos, o Banco Central Europeu e os lobbys políticos usaram todos os truques possíveis para proteger Draghi e não permitir que fossem realizadas auditorias em torno das irregularidades cometidas na Grécia. As comissões do Parlamento europeu designadas para investigar esta mega fraude se chocaram sistematicamente contra as redes que protegiam o segredo.

O desenlace final desta cumplicidade entre as oligarquias financeiras é conhecido por todos : quase um continente submerso na crise da dívida, a Grécia, estropiada e de joelhos, recessão, demissões massivas, perda de poder aquisitivo para os trabalhadores, reestruturações, sacrifícios dos benefícios sociais, planos de ajuste e miséria. Enquanto isso, os 600 milhões que o Goldman Sachs ganhou com esta fraude seguiram dando frutos na aposta suicida que o capital faz em benefício próprio contra a humanidade.

Tradução: Katarina Peixoto



Do Porta Carta Maior: (http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19731). Acesso em: 10/mar/2012.