13/abr/2014...
Dilma cai e ninguém sobe
Presidenta perde pontos em pesquisa após “escândalos
midiáticos” que não beneficiam os adversários dela. Por quê?
ABr
A pesquisa
Datafolha, além de anunciar a queda de intenções de voto em Dilma,
muito festejada pela oposição que já se julgava morta, trouxe outra
novidade. Na sequência desse instituto, a presidenta, candidata à
reeleição, caiu de 44% em fevereiro para 38% em abril. Perdeu 6 pontos
nas intenções de voto.
Quem herdou? Ninguém. Esse grupo de
eleitores trocou o voto por nada. Não fez opção por outros nomes, apenas
juntou-se ao grupo dos indecisos (6%) e dos que responderam que
votariam “branco/nulo/nenhum” (19%). Mesmo assim, com esse rombo no
casco, a nave de Dilma ainda chegaria em primeiro lugar na corrida
presidencial e ganharia no primeiro turno.
Por que os adversários Aécio Neves (16%)
e Eduardo Campos (10%) não herdaram os votos perdidos pela presidenta
candidata à reeleição? A pesquisa sucedeu às várias semanas de exposição
de Dilma aos escândalos, boatos e especulações. Um vendaval criado pela
unanimidade da imprensa conservadora, virada inteiramente para a
direita, ferindo o governo com muitas mentiras e poucas verdades.
Embora os danos ainda não tenham chegado
ao fim, a oposição já alcançou, talvez apenas temporariamente, o
objetivo. Tudo foi transformado em escândalos, pisados e repisados pelas
emissoras de televisão e de rádio, além de jornais e revistas. Isso
chega também no mundo virtual, onde, passo a passo, é reproduzido pelos
mesmos jornalistas, o controle de opinião dos “barões da mídia”
brasileira.
Esse “pool” informal foi criado com a
finalidade de formar o que os acadêmicos identificam, além das
fronteiras e internamente, como “eventos midiáticos”. Isso é a base de
sustentação da chamada “teoria social do escândalo”. Por ela é atingido o
“poder simbólico”, cujo significado é a confiança e a reputação das
autoridades governamentais. Essa talvez seja a tradução da “nova
política” que propagam por aí, estreitamente vinculada ao escândalo
midiático
Os ataques desferidos
contra o “poder simbólico” explicam em parte o declínio dos partidos
sem ideologia e sem vínculos de classe, como acontece com o PSDB, o DEM e
outros parceiros. Sem programa eficiente, buscam, dessa forma, se
dirigir ao eleitor para conquistar votos.
É sabido que, no Sudeste, há cerca de
45% do eleitorado brasileiro. É onde, supostamente, a eleição será
decidida. Pesquisas do fim de fevereiro, não registradas no Tribunal
Superior Eleitoral, feitas por dois dos mais importantes institutos do
Brasil, apontavam o porcentual de votos dos três principais candidatos,
com grande vantagem da presidenta em número de votos válidos.
As próximas pesquisas no Sudeste dirão o
que mudou e quanto mudou. Ou se os eleitores que desertaram agora
compraram só o bilhete de ida, ou um de ida e volta.
Disponível em: (http://www.cartacapital.com.br/revista/795/dilma-cai-e-ninguem-sobe-6490.html). Acesso em: 13/abr/2014.