Postagem 29/nov/2016...
Moro confessa que tem “acordo de cooperação” com EUA, mas que não iria falar disso

Em audiência do lobista Milton Pascowitch, juiz federal impede
novamente perguntas sobre acordo de cooperação entre delatores da Lava
Jato com Departamento de Justiça dos EUA, com ajuda informal da
força-tarefa
Jornal GGN – O juiz federal Sergio Moro impediu mais
uma testemunha do caso triplex de falar sobre o elo suspeito entre a
Lava Jato e os Estados Unidos. Na audiência de Milton Pascowitch, na
semana passada, Moro disse que não iria colocar em risco um eventual
acordo de delação do lobista com autoridades americanas por um “mero
capricho” da defesa de Lula.
A frase foi disparada após o advogado Cristiano Zanin Martins fazer
uma série de perguntas sobre esse possível acordo de cooperação
internacional sem que Pascowitch tivesse obrigação de responder. A
defesa de Moro suspeita que a força-tarefa da Lava Jato fez uma ponte
informal com o Departamento de Justiça dos EUA, para exportar delatores
sem o devido companhamento do Ministério da Justiça brasileiro.
Alegando que estava sob o manto de um acordo de confidencialidade,
Pascowitch não quis responder as questões de Zanin. O advogado
protestou, alegando que a defesa de Lula estava sendo cerceada. Moro,
então, pediu que o advogado explicasse qual a relevância dessas
perguntas sobre os Estados Unidos, feitas a todos os delatores de porte
da Lava Jato, para o julgamento do caso triplex.
Zanin respondeu que só poderia adiantar “um dos aspectos” que tornam
as questões relevantes para a defesa: “Eu queria saber se ele está
fazendo colaboração em relação aos fatos tratados nessa ação.”
“E qual a relevância disso?”, rebateu Moro, ao que Zanin retrucou: “A
relevância, para a defesa, vai ser exposta no momento adequado.”
Moro riu da resposta de Zanin e asseverou que a defesa não tem
conseguido defender “minimamente a pertinência dessas perguntas” e, por
isso, elas foram indeferidas. “Não vou colocar em risco uma eventual
tratativa que a testemunha tenha no exterior por um mero capricho da
defesa”, disparou Moro.
“Vossa Excelência já usou ‘retórica’, já usou que ‘não tem argumento’
e, agora, ‘capricho’. Se a Vossa Excelência vê a defesa dessa forma, eu
lamento muito”, retribuiu Zanin.
Os advogados de Lula alegam que não são “obrigados a antecipar a
estratégia de defesa” quando abordam esse elo suspeito entre a Lava Jato
e os Estados Unidos. Mas há a indicação de que a defesa buscará a
nulidade de algumas delações que tenham sido compartilhadas com
autoridades estrangeiras sem obediência às regras.
O DEPOIMENTO
Ao Ministério Público Federal, Milton Pascowitch disse que
intermediou o pagamento de propina sob contratos da Petrobras com a
Engevix. Esses depósitos eram destinados ao “grupo político” de José
Dirceu, responsável pela indicação de Renato Duque para uma diretoria da
estatal. Ele cita especificamente a Pedro Barusco e Fernando Moura como
seus interlocutores com Dirceu. João Vaccari Neto teria recolhido uma
parte para o caixa do PT. Entre as obras citadas está a REPAR, também
conhecida como refinaria Getúlio Vargas.
Pascowitch não implicou Lula em seu depoimento e não soube fornecer
nenhum dado sobre o apartamento triplex no Guarujá, que a Lava Jato diz
que o ex-presidente recebeu da OAS em troca de três contratos com a
Petrobras.
Original disponível em: (http://linkis.com/com.br/QcyT9). Acesso em 29/nov/2016.
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