Postagem 30/jun/2015...

Advogada da Odebrecht denuncia juiz-justiceiro
28 de junho de 2015 | 12:45 Autor: Miguel do Rosário

Dora Cavalcanti, advogada de Marcelo Odebrecht, o mais recente
empresário enviado para a Guantanamo de Moro, deu uma excelente
entrevista ao Globo, que pode ser lida neste link.
Eu reproduzo um trecho, que considero uma denúncia gravíssima às fragilidades da delação premiada.
Na verdade, nem considero apenas uma denúncia: a advogada destrói
completamente a credibilidade das delações, com uma lógica simples. Elas
estão sendo montadas, ajustadas, corrigidas pelos delatores, ao longo
de um processo, com a cumplicidade criminosa de procuradores.
“Globo: As denúncias estariam baseadas só em depoimentos de delatores?
Dora: A Operação Lava-Jato vai entrar para o “Guinness” (o livro dos
recordes) como a investigação que mais teve delatores. E o interessante é
que cada delator vai ajustando o próprio relato para salvar a sua
delação. Temos longa cadeia de delatores que vão refrescando a memória
gradualmente, vão lembrando pouco a pouco das coisas. E temos o delator
que, em face do que o outro disse, tem que reajustar o que disse
inicialmente. E tem ainda um terceiro tipo de delator, que inclui na
delação dele o que ele ouviu dizer de outro delator. A meu ver, a
delação criminal, da forma que está acontecendo na Lava-Jato, é um
verdadeiro incentivo à mentira.”
Em outro trecho da entrevista, Dora nos dá uma informação estarrecedora:
“É uma defesa serena e dentro das regras do jogo. O juiz disse no
despacho sobre a prisão do Alexandrino também que a empresa se recusou a
fazer acordo de leniência e que o ideal para resguardar o juízo seria a
interrupção de todos os contratos e de todas as atividades da empresa.”
Moro quer que a Odebrecht paralise todas as suas atividades?
Ora, isso embutiria, além de um desemprego em massa, num prejuízo
muito superior, para o Estado, para a Odebrecht, para a sociedade, a
qualquer suposto desvio de verba que Moro suspeite que tenha ocorrido!
Moro regula bem?
A Odebrecht é quase um país!
Como você pretende que um país inteiro paralise todas as suas atividades?
Não é a tôa que eu chamo a Lava Jato de conspiração
midiático-judicial. É isso que ela é: uma conspiração, uma operação
bandida e perigosíssima, que usa técnicas de narrativa e manipula a
psicologia das massas (prender empresário rico), além de dar um cheque
mate político na esquerda (que fica paralisada, pois como defenderá
empresários ricos).
É algo parecido ao que Marx descreve no 18 de Brumário de Luis
Bonaparte. Os capitalistas apóiam Luis Bonaparte, o sobrinho farsante e
golpista de Napoleão, mesmo sacrificando seus próprios parlamentares e a
própria estabilidade econômica da França, porque entendiam que
Bonaparte cumpriria o papel de destruir todo um campo de ideias.
Assim como a Lava Jato, Luis Bonaparte contou com o apoio do
populacho e com a indiferença da classe trabalhadora organizada, que não
viu o perigo que corria.
O grande capital apoia a Lava Jato, mesmo observando a destruição de
grandes empresas nacionais, porque a vê como oportunidade para criar uma
atmosfera favorável à destruição da esquerda e, com ela, as leis
trabalhistas e o monopólio da Petrobrás – o que já começaram a fazer,
com a lei da terceirização e o projeto de José Serra.
O aumento do desemprego também interessa ao capital, porque ele força os trabalhadores a se ajoelharem.
Além disso, o grande capital tem sua matriz nos EUA, e interessa a
ele destruir empresas nacionais que mantinham o país fechado à entrada
das empresas norte-americanas; mais importante, interessa a ele destruir
empresas brasileiras que vinham fazendo concorrência às empresas
norte-americanas, como a Odebrecht, que ousou construir uma parte
importante do aeroporto de Miami.
Original disponível em: (http://tijolaco.com.br/blog/?p=27891). Acesso
em: 30/jun/2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário