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sábado, 21 de setembro de 2013

Simbólico, Imaginário e Real (Vera Felicidade)


Thursday, March 8, 2012


Simbólico, Imaginário e Real

Opiniões a respeito das coisas, objetos que representam, relembram situações vivenciadas, imagens de divindades, rituais religiosos ou não, superstições, amuletos, crenças, certezas, duvidas, interpretações, enfim, quem nunca se perguntou sobre o que é real ou simbólico nas suas vivências cotidianas?

Lacan, coroando toda a conceituação psicanalista - freudiana - diz que o homem se realiza ou se frustra, se comporta enfim, dentro de dimensões simbólicas imaginárias ou reais. Ele está assim, através de uma nova linguagem, explicando o Id, o Superego e o Ego. São as necessidades instintivas, inconscientes e biológicas, as responsáveis pelo estabelecimento do simbólico, do imaginário e do real. Projeção, resistência, mecanismos de defesa do Ego, formação reativa, foraclusão, são conceitos decorrentes destas divisões reducionistas.

As certezas ilusórias são frequentes nas explicações do comportamento do homem pelo inconsciente, por entidades possessoras, pela vontade de deus, se constituindo em alicerce para manutenção de preconceitos. Por exemplo, no "Seminário", Lacan diz: "A ordem simbólica ao mesmo tempo não-sendo e insistindo para ser, eis a que visa Freud quando nos fala do instinto de morte como sendo o que há de mais fundamental - uma ordem simbólica em pleno parto, vindo, insistindo para ser realizada." *

Os dados relacionais, os processos perceptivos, nos trazem outra visão, outra explicação, outra conceituação. 

Real é o que eu percebo; quando isso se dá enquanto presente é globalização do dado percebido; se a percepção do existente (figura) é realizada com o passado como fundo, essa percepção é representativa do percebido em função do passado e não do presente; isto é a simbolização, repetição do dado ao inserí-lo em outra ordem constitutiva. Ao perceber o que está diante de mim em desdobramentos e ampliações de metas e desejos, medos e apreensões, tendo como fundo a estrutura do futuro, imaginamos.

Tudo que percebemos é real. "Nas relações de figura e fundo, o percebido é a figura, o fundo é o estruturante, nunca é percebido; ilusão é o fundo, o nunca percebido, portanto nunca real. Geralmente os preconceitos, a priori, as crenças e certezas constituem o fundo, o referencial de nossas percepções. Quanto mais crenças, certezas e fé, menos disponibilidade, mais rigidez. Crenças, certezas e fé são estruturadas no sistema categorial, resultando sempre de experiências prévias, de avaliações. A ilusão é o que dá as certezas." **

Basta perceber o ser no mundo como unidade, diferente do ser versus mundo psicanalítico que conseguimos entender e explicar seus processos relacionais, sua estrutura de aceitação e de não aceitação.

* "O Seminário - Livro 2 - O Eu na Teoria de Freud e na Técnica da Psicanálise", pag. 407, Jacques Lacan, Jorge Zahar Editor

** "A Realidade da Ilusão, A Ilusão da Realidade", pag. 44, Vera Felicidade de Almeida Campos, Relume Dumará













"O Seminário  Livro 2  O Eu na Teoria de Freud e na Técnica da Psicanálise", J. Lacan
"A Realidade da Ilusão, A Ilusão da Realidade", Vera Felicidade de Almeida Campos


Disponível em: Percepção, conhecimento, relacionamento: Simbólico, Imaginário e Real

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