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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Dilma para Obama: o quintal não é mais aqui (Flávio Aguiar)

publicado 18/09/2013 17:47

Dilma para Obama: o quintal não é mais aqui

Cancelamento de visita mostra que o Brasil, ou ao menos parte dele, superou seu complexo de Piu-Piu frente à águia dos Estados Unidos. O presidente norte-americano é quem sai chamuscado
por Flávio Aguiar publicado 18/09/2013 17:47
KEVIN DIETSCH/EFE
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A firmeza de Dilma ainda não é bem acolhida pela oposição, que foi ignorada pela mídia internacional
Na verdade, ele (o quintal dos Estados Unidos) agora fica do outro lado do Atlântico, de onde estou escrevendo. Comprova esta mudança de eixo no quintal a subserviência com que alguns países europeus trataram o caso Snowden no incidente envolvendo o avião presidencial boliviano. Outra prova disto é a comparação entre a reação firme do governo brasileiro diante da denúncia de espionagem e a tibieza da reação do governo alemão.
A chanceler Angela Merkel se mostrou preocupada diante da possibilidade de violação da privacidade dos cidadãos alemães, e despachou emissários para Washington pedindo explicações. Estes emissários voltaram completamente enrolados nas explicações norte-americanas, dizendo que ninguém tinha nada a temer, que não havia espionagem comercial ou industrial (o caso Petrobras desmente isto). E tudo ficou por isto mesmo.
A mídia internacional destacou a firmeza do Brasil e de sua presidenta. Não só a mídia: vários analistas acadêmicos, think tankers etc. foram claros em afirmar que o perdedor no episódio é o governo norte-americano, que sai duplamente chamuscado: pela espionagem em si e pelo estremecimento (não houve ruptura, evidentemente) das relações com seu principal parceiro abaixo do Rio Bravo (num momento em que cresce a presença chinesa na América do Sul, em várias frentes).
O governo norte-americano bem que tentou minimizar o golpe, embora o tenha acusado. Declarou que a suspensão da visita fora feita “de comum acordo”, e que o encontro oficial entre a presidenta Dilma e o presidente Obama não poderia ficar “prisioneira” de um único ítem ou incidente. Avaliou também positivamente o adiamento, pois a resolução do problema da espionagem, com novos protocolos, etc. levará meses.
Na verdade o governo de Obama está numa sinuca de bico, pois não pode fazer movimento algum que desautorize o seu serviço de espionagem num momento em que necessita reforçar a credibilidade deste por causa da questão síria – diante da Rússia, dos parceiros europeus, no Conselho de Segurança da ONU, até diante do Papa.
Outro ponto marcado pelo governo brasileiro é que a reação das vozes das oposições brasileiras, do tipo “me espiona que eu gosto”, sob a retórica da “responsabilidade pragmática” nas relações internacionais, foi vagamente citada na mídia internacional, mas sem o menor tom de esforço ou mesmo de alguma importância. Ninguém deu bola para esta conversa. O que ficou ressaltado foi mesmo a firmeza da presidenta, comprovando que o Brasil – ou pelo menos parte dele – superou o complexo de Piu-Piu (aquele passarinho do Frajola e sua turma) diante da águia norte-americana. Embora haja ainda muita gente no Brasil que ache que ser vira-lata no cenário internacional seja uma vantagem.
(http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/blog-do-velho-mundo/2013/09/dilma-para-obama-o-quintal-nao-e-mais-aqui-8496.html?utm_source=dlvr.it&utm_medium=twitter).

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