O bode saiu da sala. Apenas isso
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O bode saiu da sala. Apenas isso
19:25, 3/11/2011 PAULO MOREIRA LEITE ECONOMIA TAGS: CRISE ECONOMICA, GEORGIOS PAPANDREOU, GRECIA, UNIÃO EUROPEIA
O primeiro-ministro da Grécia, Georgios Papandreou, passou os últimos meses no papel de cordeirinho dos bancos europeus. Atendeu todos os pedidos, de forma tão prestativa, que parecia estar cumprindo ordens. Sob seu comando e votos de seu partido, a Grécia entrou em recessão, uma das mais brutais da história.
Nas últimas 72 horas, o cordeiro Papandreou deu a impressão de que havia se transformado em lobo. Enrolado no princípio da soberania nacional, declarou que iria submeter o mais novo pacote de austeridade, aprovado na semana passada, a um referendo popular.
O espetáculo durou pouco no Zoo do governo grego.
Papandreou acaba de comunicar oficialmente que desistiu da idéia do primeiro ministro. Para Papandreou, a virada representa uma perda imensa de credibilidade, numa desgraça que atingiu políticos social-democratas em Portugal e Espanha, que afundaram junto com suas economias.
Descobriu-se hoje que o personagem de Papandreou era o bode, aquele animal que se coloca e se retira da sala apenas para dar a impressão de que alguma coisa se modificou.
Na prática, a situação não se altera depois que o bode sai de cena.
O plano de austeridade continua ruim como sempre, numa avaliação que inclui tanto observadores conservadores, como Martin Wolf, editor do Financial Times, como o Premio Nobel Paul Krugmann.
Isso porque não oferece perspectiva de crescimento. Irá provocar as 150 000 demissões de funcionários publicos que já foram anunciadas. O desemprego deve mesmo subir para 20%, um recorde histórico. A calote de 50% na dívida dos bancos privados é um apelo às boas intenções. Nenhum banco será obrigado a aderir. Muitos já negociam, embaixo da mesa, medidas que podem amenizar seus prejuízos.
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