Postagem no Abertura Mundo Jurídico em 01/jan/2019...
Relacionamento ioiô: saiba como o vai e volta pode complicar a sua vida
De
acordo com a pesquisa da Universidade do Missouri, nos EUA,
relacionamentos ioiô estão associados a taxas mais altas de abuso e a
níveis mais baixos de comunicação e de comprometimento
![casal-1[1]](https://www.revistaversar.com.br/wp-content/uploads/2018/12/casal-11-696x464.jpg)
Quem já passou pelo fim de um relacionamento
sabe que não há como terminar com alguém de forma indolor: é preciso
lidar com frustração, tristeza e vulnerabilidade até superar o
rompimento. Mas um estudo publicado em agosto na Revista Family Relations mostra que, quando esse ciclo se repete com o mesmo parceiro, tudo se complica.
De acordo com a pesquisa da Universidade do Missouri, nos EUA,
relacionamentos ioiô estão associados a taxas mais altas de abuso e a
níveis mais baixos de comunicação e de comprometimento. Não quer dizer
que você não deva dar uma segunda ou terceira chance para aquela pessoa,
mas que é importante descobrir uma forma de estabilizar a sua situação –
o famoso ou vai ou racha.
– Às vezes, quando se dá um tempo, é justamente para que as pessoas
possam identificar que tipo de convivência a dois elas querem. A partir
disso, muita gente percebe que quer tentar de novo – explica a psicóloga
e terapeuta de casais Rafaela Teló Klaus.
O problema é quando as idas e vindas se tornam padrão. Os
pesquisadores avaliaram 545 participantes: 266 estavam em
relacionamentos heterossexuais e 279 com pessoas do mesmo sexo. O
resultado mostrou que, quanto mais um casal termina e faz as pazes,
maiores os riscos de depressão, ansiedade e outros sinais de sofrimento
psicológico.
Aos 28 anos, Beatriz* sentiu a turbulência no namoro influenciar
diretamente sua saúde mental. O primeiro rompimento se deu aos sete
meses de namoro. Durante duas semanas, a maquiadora conta que viveu uma
espécie de luto. Decidiram dar outra chance, mas, quatro meses depois,
ele quis terminar de novo. O episódio foi gatilho para crises de
ansiedade e de pânico que a levaram a buscar ajuda psiquiátrica. Eles
voltaram e romperam outras duas vezes até que o padrão estabelecido se
tornou intolerável para Beatriz:
– Na última ameaça de término, resolvi colocar um ponto final. Não
foi fácil, mas sempre chega um momento em que você percebe que não
precisa mais passar por isso.
Marina, 27 anos, viveu sete anos entre idas e vindas. E só depois do
fim definitivo se deu conta de que aquela era uma relação tóxica. Foram
quatro rompimentos turbulentos, entremeados por períodos a distância,
relações com outras pessoas e uma tentativa de morar juntos, até
culminar no fim definitivo.
– Chorava muito, pensava que não amaria mais ninguém, e a cada volta
duvidava cada vez mais do amor dele. Fiquei obsessiva, investigava tudo,
descobria muitas coisas, mas acabava perdoando. No fundo, não aceitava o
fim. Brigávamos demais, ao mesmo tempo em que, nos períodos mais
tranquilos, o sexo era ótimo e nos divertíamos muito – conta a
administradora.
É justamente essa espiral de emoções
intensas um dos fatores que levam ao vai e volta, especialmente quando
não há dependência financeira ou filhos envolvidos, como explica Rafaela
Klaus:
– Você se apaixona, sofre, termina, volta, o sexo é maravilhoso. É
uma montanha-russa que pode acabar levando para um sentimento muito
forte de raiva. E muita gente só consegue sair dessa situação quando
passa a sentir raiva.
Luciana conta que conseguiu romper o ciclo antes do estágio da raiva,
após fazer uma análise da relação com a namorada com quem estava junto
havia quatro anos. As experiências anteriores já tinham mostrado que as
idas e vindas eram resultado das dinâmicas de manipulação e recompensas
rápidas. Há um ano, a publicitária conseguiu terminar de vez:
– O vício em sofrimento nos leva a ficar tentando permanecer em
experiências que não servem mais para ambas as pessoas. Quando entramos
em uma história, temos coisas para dar e para aprender. Quando o ciclo
se encerra, insistir é uma tentativa de estar sempre vivendo o drama.
A consciência do que nos prende a situações que não estão nos fazendo
bem é crucial para colocar fim a relacionamentos inconstantes. Para a
psicóloga, é preciso sempre se perguntar se a situação que você está
vivendo vai ao encontro dos seus valores:
– Quando estar junto não constrói nem traz nada daquilo em que você
acredita, é importante colocar em uma hierarquia o que é mais importante
no momento: a relação ou o autorrespeito.
Essa reflexão também passa por questões como entender o que você está
disposta a tolerar, quais são seus limites e expectativas, além de
superar os romances idealizados que a gente vê em filmes e nas redes
sociais. Na prática: vocês até podem parecer um casal perfeito no
Instagram, mas só cada um realmente sabe como se sente e o quanto vale a
pena investir na relação. Às vezes, também é preciso reconhecer que a
existência do amor não pressupõe felicidade na convivência a dois em uma
relação desgastada.
– Quando estamos apaixonados, a tendência é deixar a emoção falar
mais alto do que a razão. Mas a mente racional é quem ajuda a analisar
melhor as coisas. É possível chegar ao equilíbrio entre razão e emoção e
tomar uma decisão sábia – avalia a psicóloga.
Você poderá, eventualmente, perceber que é melhor recomeçar sozinha.
– Não foi fácil. Mas agora sei que mereço algo melhor e que, por mais
que tentássemos, não era para ser – afirma Marina. – No mês passado
mesmo, quase achei que voltaríamos, mas aí já reconheci comportamentos
que eram tóxicos e consegui me afastar.
*Os nomes foram trocados a pedido das entrevistadas
Original disponível em: (https://www.revistaversar.com.br/relacionamento-ioio-saiba-como-o-vai-e-volta-pode-complicar-a-sua-vida/). Acesso em 01/jan/2019.
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