Postagem no Abertura Mundo Jurídico em 13/mai/2018...
ENTREVISTA
Jürgen Habermas: “Não pode haver intelectuais se não há leitores”

Prestes a completar 89 anos, o filósofo vivo mais influente do mundo
está em plena forma. O velho professor alemão, discípulo de Adorno e
sobrevivente da Escola de Frankfurt, mantém mão de ferro em seus
julgamentos sobre as questões essenciais de hoje e de sempre, que
continua destilando em livros e artigos. Os nacionalismos, a imigração, a
Internet, a construção europeia e a crise da filosofia são alguns dos temas tratados durante este encontro na sua casa em Starnberg.
Ao
redor o lago de Starnberg, a 50 quilômetros de Munique, se amontoam
sucessivas fileiras de chalés de estilo alpino. A única exceção às
esmagadoras doses de melancolia, madeira escura e flores nas sacadas
surge na forma de um bloco branco e compacto de cantos suaves, com
janelas grandes e quadradas como única concessão à sobriedade. É o
racionalismo feito arquitetura no país da Heidi. A Bauhaus e sua
modernidade raivosa no meio da Baviera eterna e conservadora. Uma
minúscula placa branca sobre uma porta azul confirma que ali vive Jürgen Habermas
(Düsseldorf, 1929), sem dúvida o filósofo vivo mais influente do mundo
por sua trajetória, sua obra publicada e sua atividade frenética até
hoje, quando falta um mês e meio para que complete 89 anos. Sua esposa
há mais de 60 anos, a historiadora Ute Wesselhoeft, nos recebe no
pequeno vestíbulo e demora apenas alguns segundos para girar a cabeça e
exclamar: “Jürgen, os senhores da Espanha chegaram!”. Ambos habitam esta
casa desde 1971, quando Habermas passou a dirigir o Instituto Max
Planck de Ciências Sociais.
O discípulo e assistente de Theodor Adorno, além de membro insigne da segunda geração da Escola de Frankfurt e ex-catedrático de Filosofia na Universidade Goethe de Frankfurt, avança vindo do seu escritório, uma adorável bagunça de papéis e livros em estado de caos, cujos janelões dão para uma floresta. Aperta a mão com força. É muito alto, caminha muito ereto e tem uma espetacular mata de cabelos brancos como a neve. Cumprimenta afável e convida a sentar num dos grandes sofás. O cômodo está decorado em tons brancos e areia e acolhe uma pequena coleção de arte moderna que inclui pinturas de Hans Hartung, Eduardo Chillida, Sean Scully e Günter Fruhtrunk e esculturas de Oteiza e Miró (esta última simboliza o Prêmio Príncipe de Astúrias de Ciências Sociais recebido em 2003). Abre-se imponente ao visitante a biblioteca de Habermas, que aloja velhos volumes de Goethe e de Hölderlin, de Schiller e de Von Kleist, e fileiras inteiras de obras de Engels, Marx, Joyce, Broch, Walser, Hermann Hesse e Günter Grass, entre uma infinidade de escritores e pensadores.
“Não pode haver intelectuais comprometidos se já não há mais leitores a quem continuar alcançando com argumentos”
O autor de obras imprescindíveis do pensamento, da sociologia e da ciência política do século XX, como Mudança Estrutural da Esfera Pública, Conhecimento e Interesse, O Discurso Filosófico da Modernidade e Teoria da Ação Comunicativa,
troca impressões com o EL PAÍS a respeito de alguns dos temas que lhe
preocuparam durante seis décadas e continuam a preocupá-lo. Com uma
exceção: o entrevistado preferiu evitar qualquer questão relacionada ao passado nazista
de seu país e à sua própria experiência a respeito (foi membro das
Juventudes Hitlerianas — por obrigação, como tantos compatriotas seus).
Habermas está furioso. “Sim…, continuo furioso com algumas das coisas
que ocorrem no mundo. Isso não é ruim, não é?”, brinca.
Pergunta. Professor Habermas, fala-se muito na
decadência da figura do intelectual comprometido. Considera justo esse
julgamento? Não é frequentemente um mero tema de conversa entre os
próprios intelectuais?

Resposta. Para a figura do intelectual, tal como a
conhecemos no paradigma francês, de Zola até Sartre e Bourdieu, foi
determinante uma esfera pública cujas frágeis estruturas estão
experimentando agora um processo acelerado de deterioração. A pergunta
nostálgica de por que já não há mais intelectuais está mal formulada.
Eles não podem existir se já não há mais leitores aos quais continuar
alcançando com seus argumentos.
“A única forma de fazer frente às ondas mundiais de emigração seria combater suas causas econômicas nos países de origem”
P. É possível pensar que a Internet acabou por
diluir essa esfera pública que antes talvez fosse garantida pela grande
mídia tradicional e que isso afetou a repercussão dos filósofos e dos
pensadores?
R. Sim. Desde Heinrich Heine, a figura histórica do
intelectual ganhou importância junto com a esfera pública liberal em sua
configuração clássica. No entanto, esta vive de certos pressupostos
culturais e sociais inverossímeis, principalmente da existência de um
jornalismo desperto, com meios de referência e uma imprensa de massa
capaz de despertar o interesse da grande maioria da população para temas
relevantes na formação da opinião pública. E também da existência de
uma população leitora que se interessa por política e tem um bom nível
educacional, acostumada ao processo conflitivo de formação de opinião,
que reserva um tempo para ler a imprensa independente de qualidade. Hoje
em dia, essa infraestrutura não está mais intacta. Talvez, que eu
saiba, se mantenha em países como Espanha,
França e Alemanha. Mas também neles o efeito fragmentador da Internet
deslocou o papel dos meios de comunicação tradicionais, pelo menos entre
as novas gerações. Antes que entrassem em jogo essas tendências
centrífugas e atomizadoras das novas mídias, a desintegração da esfera
populacional já tinha começado com a mercantilização da atenção pública.
Os Estados Unidos com o domínio exclusivo da televisão privada é um
exemplo chocante disso. Hoje os novos meios de comunicação praticam uma
modalidade muito mais insidiosa de mercantilização. Nela, o objetivo não
é diretamente a atenção dos consumidores, mas a exploração econômica do
perfil privado dos usuários. Roubam-se os dados dos clientes sem seu
conhecimento para poder manipulá-los melhor, às vezes até com fins
políticos perversos, como acabamos de saber pelo escândalo do Facebook.

P. O senhor acredita que a Internet, para além de suas indiscutíveis vantagens, criou uma espécie de novo analfabetismo?
R. O senhor se refere às controvérsias agressivas, às bolhas e às histórias falsas de Donald Trump
em seus tuítes. Deste indivíduo não se pode dizer sequer que esteja
abaixo do nível da cultura política de seu país. Trump baixa esse nível
constantemente. Desde a invenção do livro impresso, que transformou
todas as pessoas em leitores potenciais, foi preciso passar séculos até
que toda a população aprendesse a ler. A Internet, que nos transforma
todos em autores potenciais, não tem mais do que duas décadas. É
possível que com o tempo aprendamos a lidar com as redes sociais
de forma civilizada. A Internet abriu milhões de nichos subculturais
úteis nos quais se troca informação confiável e opiniões fundamentadas.
Pensemos não só nos blogs de cientistas que intensificam seu trabalho
acadêmico por este meio, mas também, por exemplo, nos pacientes que
sofrem de uma doença rara e entram em contato com outra pessoa na mesma
condição em outro continente para se ajudar mutuamente com conselhos e
experiências. Sem dúvida, são grandes benefícios da comunicação, que não
servem só para aumentar a velocidade das transações na Bolsa e dos
especuladores. Sou velho demais para julgar o impulso cultural que as
novas mídias vão gerar. O que me irrita é o fato de que se trata da
primeira revolução da mídia na história da humanidade que serve antes de
tudo a fins econômicos, e não culturais.
P. No cenário hipertecnologizado de hoje, onde
triunfam os saberes úteis, por assim dizer, qual o papel e sobretudo
qual o futuro da filosofia?
R. Veja, sou da antiquada opinião de que a filosofia
deveria continuar tentando responder às perguntas de Kant: o que é
possível saber?, o que devo fazer?, o que me cabe esperar? e o que é o
ser humano? No entanto, não tenho certeza de que a filosofia, como a
conhecemos, tenha futuro. Atualmente segue, como todas as disciplinas, a
corrente no sentido de uma especialização cada vez maior. E isso é um
beco sem saída, porque a filosofia deveria tentar explicar o todo,
contribuir para a explicação racional de nossa forma de entender a nós
mesmos e ao mundo.
P. O que resta de sua orientação marxista? Jürgen Habermas continua sendo um homem de esquerda?
“Macron me inspira respeito porque, no
paralisante cenário atual, é o único que se atreve a ter uma perspectiva
política e que demonstra coragem”
R. Estou há 65 anos trabalhando e lutando na
universidade e na esfera pública em favor de postulados de esquerda. Se
há 25 anos advogo pelo aprofundamento político da União Europeia,
faço isso com a ideia de que apenas esse regime continental poderia
domar um capitalismo que se tornou selvagem. Jamais deixei de criticar o
capitalismo, nem tampouco de ter consciência de que não bastam
diagnósticos vagos. Não sou desses intelectuais que atiram a esmo.
P. Kant + Hegel + Iluminismo + marxismo desencantado
= Habermas. Essa equação é suficiente para resolver o “x” de sua
ideologia e pensamento?
R. Se é preciso expressá-los de forma telegráfica,
estou de acordo, apesar de ainda faltar uma pitada da dialética negativa
de Adorno...
P. O senhor cunhou em 1986 o conceito político do
patriotismo constitucional, que hoje soa quase medicinal diante de
outros supostos patriotismos de hino e bandeira. É muito mais difícil
exercer o primeiro do que o segundo, não?
R. Em 1984, pronunciei uma conferência no Congresso
espanhol a convite de seu presidente, e no fim fomos comer em um
restaurante histórico. Ficava, se não me engano, entre o Parlamento e a
Porta do Sol, na calçada da esquerda. Seja como for, durante a conversa
animada com nossos impressionantes anfitriões — muitos deles eram
colegas socialdemocratas que tinham participado da redação da nova
Constituição do país —, minha esposa e eu nos inteiramos de que nesse
lugar tinha acontecido a conspiração para preparar a proclamação da
Primeira República espanhola de 1873. Ao saber disso, experimentamos uma
sensação totalmente diferente. O patriotismo constitucional exige um
relato apropriado para que tenhamos sempre presente que a Constituição é
a conquista de uma história nacional.
P. E nesse sentido o senhor se considera um patriota?
R. Me sinto patriota de um país que, finalmente, depois da Segunda Guerra Mundial,
deu à luz uma democracia estável, e ao longo das décadas subsequentes
de polarização política, uma cultura política liberal. Hesito em
declarar isso e, de fato, é a primeira vez que faço isso, mas nesse
sentido sim, sou um patriota alemão, além de um produto da cultura
alemã.

P. De que cultura alemã? Só há uma ou há culturas alemãs?
R. Sinto-me orgulhoso dessa cultura também em
relação à segunda ou terceira geração de imigrantes turcos, iranianos,
gregos, ou de onde quer que tenham chegado, que aparecem de repente na
esfera pública como cineastas, jornalistas e os apresentadores de
televisão mais fabulosos; como executivos e os médicos mais competentes,
ou como os melhores literatos, políticos, músicos e professores. Tudo
isso constitui uma demonstração palpável da força e da capacidade de
regeneração de nossa cultura. A rejeição agressiva dos populistas de
direita contra as pessoas sem as quais essa demonstração teria sido
impossível é uma bobagem.
P. Acredito que o senhor prepara um novo livro sobre
a religião e sua força simbólica e semântica como remédio para certas
lacunas da modernidade. Pode nos contar um pouco desse projeto?
R. Bem, na verdade este livro não fala tanto de
religião, mas de filosofia. Espero que a genealogia de um pensamento
pós-metafísico desenvolvido a partir de um discurso milenar sobre a fé e
o conhecimento possa contribuir para que uma filosofia progressivamente
degradada como ciência não esqueça sua função esclarecedora.
P. Falando de religiões e de guerra de religiões e
culturas, levando-se em conta o atual nível de intransigência e os
fundamentalismos de todo tipo, o senhor acredita que rumamos para um
choque de civilizações? Será que já estejamos imersos nele?
R. Em minha opinião, essa tese é totalmente
equivocada. As civilizações mais antigas e influentes se caracterizaram
pelas metafísicas e as grandes religiões estudadas por Max Weber. Todas
elas têm um potencial universalista, e por isso se construíram sobre a
base da abertura e da inclusão. A verdade é que o fundamentalismo
religioso é um fenômeno totalmente moderno. Remonta à alienação social
que surgiu e continua surgindo em consequência do colonialismo, da
descolonização e da globalização capitalista.
P. O senhor escreveu certa ocasião que a Europa deveria fomentar um islã ilustrado e europeu. Acredita que isso esteja ocorrendo?
R. Na República Federal Alemã nos esforçamos por
incluir em nossas universidades a teologia islâmica, de forma que
possamos formar professores de religião em nosso próprio país e não
tenhamos de continuar importando-os da Turquia ou de outros lugares.
Mas, na essência, esse processo depende de conseguirmos integrar
verdadeiramente as famílias imigrantes. No entanto, isso nem de longe é
suficiente para conter as ondas mundiais de imigração. A única maneira de enfrentar isso seria combater as causas econômicas nos países de origem.
P. E como se faz isso?
R. Não me pergunte como se faz isso sem mudanças no
sistema econômico mundial do capitalismo. É um problema de séculos. Não
sou especialista, mas leia o livro de Stephan Lessenich Die Externalisierungsgesellschaft
[A sociedade da externalização] e verá que a origem das ondas que agora
refluem para a Europa e o mundo ocidental está exatamente nisso.
P. “A Europa é um gigante econômico e um anão político.” Assinado: Jürgen Habermas. Nada parece ter ficado melhor depois do Brexit, dos populismos e extremismos, dos movimentos nazistas, das tentativas nacionalistas de separação da Escócia e Catalunha...
R. A introdução do euro dividiu a comunidade
monetária em norte e sul, em vencedores e perdedores. A causa é que as
diferenças estruturais entre as regiões econômicas nacionais não podem
ser compensadas se não se avança no sentido da união política. Faltam
válvulas, como por exemplo a mobilidade em um mercado de trabalho único
ou um sistema de segurança social comum, e faltam competências europeias
para uma política fiscal comum. A isso se acrescenta o modelo político
neoliberal incorporado aos tratados europeus, que reforça mais ainda a
dependência dos Estados nacionais em relação aos mercados globalizados. O
elevado desemprego juvenil nos países do sul é um escândalo absurdo. A
desigualdade aumentou em todos os nossos países e erodiu a coesão
populacional. Os que conseguem se adaptar aderem ao modelo econômico
liberal que orienta a ação em benefício próprio; entre os que se
encontram em situação precária, espalha-se os medos regressivos e as
reações de ira irracionais e autodestrutivas.
P. O senhor acompanha de perto o problema catalão? Qual a sua opinião e diagnóstico?
R. Realmente qual é o motivo de um povo culto e
avançado como a Catalunha desejar estar sozinha na Europa? Não entendo.
Me dá a sensação de que tudo se reduz a questões econômicas... Não sei o
que vai acontecer. O que lhe parece?
P. Acredito que pensar em isolar politicamente uma
população de cerca de dois milhões de pessoas com aspirações
independentistas não é realista. E sem dúvida não é simples...
R. Sem dúvida é um problema, sim. É muita gente.
Jürgen Habermas fala com muita dificuldade, pois nasceu com fissura
labiopalatina. Uma pequena tragédia pessoal para alguém cuja missão
filosófica primordial sempre foi valorizar a linguagem e a dimensão
social e comunicativa do homem como remédio de tantos males (tudo isso
compilado em sua célebre Teoria da ação comunicativa). O velho
professor se mostra realista e resignado quando, olhando pela janela,
sussurra: “Já não gosto dos grandes auditórios nem dos grandes salões.
Não entendo bem as coisas. Há uma cacofonia que me desespera”.
P. Professor, o senhor considera os Estados-nação
mais necessários do que nunca ou, pelo contrário, acredita que de alguma
forma estão superados?
R. Hum, talvez não devesse dizer isso, mas considero
que os Estados-nação foram algo em que quase ninguém acreditava mas que
precisaram ser inventados em seu tempo por razões eminentemente
pragmáticas.
P. Sempre culpamos os políticos pelo fracasso da
construção europeia, mas nós, cidadãos comuns da UE, não temos nossa
parcela da culpa? Nós, europeus, realmente acreditamos na europeidade?
R. Vejamos... Até agora as lideranças políticas e os
governos levaram adiante o projeto de maneira elitista, sem incluir as
populações dos países nessas questões complexas. Tenho a impressão de
que sequer os partidos políticos e os deputados dos Parlamentos
nacionais se familiarizaram com a complicada matéria da política
europeia. Sob o lema “mamãe cuida do seu dinheiro”, Merkel e Schäuble
protegeram durante a crise, de forma verdadeiramente exemplar, suas
medidas contra a esfera pública.
P. A Alemanha conserva uma vocação de liderança europeia? A Alemanha
confundiu às vezes liderança com hegemonia? E a França? Que papel deve
desempenhar o país liderado por seu querido presidente Macron?
R. Seguramente, o problema foi, na verdade, que o
Governo federal alemão sequer teve o talento ou a experiência de uma
potência hegemônica. Do contrário teria sabido que não é possível manter
a Europa unida sem levar em conta os interesses dos demais Estados. Nas
duas últimas décadas, a República Federal agiu cada vez mais como uma
potência nacionalista no terreno econômico. No que se refere a Macron,
continua tentando persuadir Merkel de que é preciso pensar em sua imagem
com vistas aos livros de história.
P. Que papel o senhor acredita que a Espanha pode desempenhar na melhoria da construção europeia?
R. A Espanha simplesmente tem de respaldar Macron.
P. Em artigos recentes o senhor defendeu com paixão a
figura do presidente Macron que, veja só, é filósofo como o senhor. O
que mais o atrai nele? Acredita que é um bom político por ser filósofo?
R. Por Deus, nada de governantes filósofos! No
entanto, Macron me inspira respeito porque, no cenário político atual, é
o único que se atreve a ter uma perspectiva política; que, como pessoa
intelectual e orador convincente, persegue as metas políticas acertadas
para a Europa; que,
nas circunstâncias quase desesperadas da contenda eleitoral, demonstrou
valor pessoal e que, até agora, em seu cargo de presidente, faz o que
disse que ia fazer. E em uma época de perda de identidade política
paralisante, aprendi a apreciar essas qualidades pessoais contrárias às
minhas convicções marxistas.
P. No entanto, é impossível no momento saber qual é a ideologia dele... caso exista.
R. Sim, tem razão. Até o momento continuo sem ver
claramente que convicções estão por trás da política europeia do
presidente francês. Gostaria de saber se pelo menos é um liberal de
esquerda convicto, e isso é o que espero.
Esta entrevista, que se pode realizar graças à colaboração do
professor e escritor Daniel Innerarity, é um cruzamento de caminhos
entre respostas oferecidas por escrito e trocas de impressões durante
aquela manhã em Starnberg.
Quando a conversa terminou, o único
sobrevivente da segunda Escola de Frankfurt desapareceu de repente atrás
da porta da cozinha de sua casa. Voltou com um sorriso cúmplice no
rosto, trazendo uma garrafa de Rioja em uma mão e uma de Riesling na
outra. Espanha e Alemanha, juntas na casa de Habermas.
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