Postagem 01/set/2016...
Gilmar Mendes assume liderança do combate feroz à Lava Jato
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Para o novo bloco de poder, a Lava Jato já não interessa.
Lava Jato contra os interesses das elites dirigentes
cleptocratas do país (econômicas, financeiras e políticas), que desfrutaram de
512 anos de impunidade: guerra de titãs. De que lado, caro leitor, você está?
Enquanto a Lava Jato e seus vazamentos derretiam as escabrosas
estruturas corruptas do lulopetismo, Gilmar Mendes era só elogios (ver Maria
Cristina Fernandes, Valor Econômico 25/8/16). Vejamos:
“Na
condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fez uma piada –
“Antes batiam à nossa porta e a gente sabia que era o leiteiro, não a polícia”
– antes de sair em defesa da ação: “Não tenho elementos para avaliar a decisão
do juiz Sergio Moro, mas certamente ele deve ter tomado todas as cautelas”. Foi
dele a liminar, depois confirmada pela Corte, que sustou a ida do ex-presidente
para a Casa Civil.”.
“Na posse como
presidente do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro foi além: “As competentes
investigações em curso na operação Lava-Jato comprovam, de forma cabal, que o
Brasil leniente e apático ficou para trás”. Um mês depois, em debate em São
Paulo, Mendes sairia em defesa da delação premiada: “A delação tem dado bons
resultados. É inegável que não teríamos acesso a tantas informações nesse caso
[petrolão] sem o instituto.”.
“No
passado, em crises dessa dimensão, começava a se falar em nome de generais. No
momento, não conhecemos nomes de generais, mas de juízes.”.
Desde que o novo grupo de poder (PMDB e PSDB) assumiu o comando
da nação, deu-se o hiperempoderamento de Gilmar Mendes para assumir a liderança
da tropa no combate à Lava Jato.
Nitidamente, Gilmar Mendes e todos os seus asseclas jurídicos e
midiáticos (que apoiavam a Lava Jato) mudaram de banda. Para o novo bloco de
poder, a Lava Jato já não interessa. O refrão aético é o seguinte: “Dilma já
caiu. Se punir o Lula já está de bom tamanho. Pode parar por aí.”. Parar no
Lula, na verdade, é uma vergonha, porque todos os corruptos devem ser punidos.
Cada um deve ser punido de acordo com as provas e sua
culpabilidade. Mas todos os envolvidos (de todos os partidos) devem pagar pelas
suas falcatruas, negociatas e enriquecimentos ilícitos. A Lava Jato tem que
cumprir esse papel de investigação e punição “erga omnes” (contra todos). Ou se
desmoraliza.
Os ataques ferozes de Gilmar Mendes (desde que jantou com Michel
Temer no Jaburu, logo após as gravações de Sérgio Machado, e desde que ofereceu
jantar em sua casa para a cúpula do atual governo) se avolumam diariamente:
(1) não só condenou a Lei da Ficha Limpa que proíbe fichas sujas
de participarem de eleições como afirmou que ela é “coisa de bêbados”;
(2) aproveitou a aberrante capa de uma revista semanal para
atacar Janot e os demais procuradores (de vazamento de informação);
(3) criticou as medidas anticorrupção que estão da Câmara e
afirmou que as propostas de Moro e Dallagnol, dentre outros, são propostas de
“cretinos”;
(4) acusou os juízes brasileiros de praticarem “pequenos
assaltos” (em seus vencimentos mensais);
(5) fez Renan desengavetar o projeto de lei que regula o “Abuso
de Autoridade” (com os ajustes devidos, é um projeto necessário, mas, neste
momento, está vindo como ameaça);
(6) disparou um mensageiro do TSE para falar desse projeto na
Fiesp;
(7) criticou os procuradores afirmando que “Esses falsos heróis
vão encher o cemitério”;
(8) pediu a abertura de processo para
cassar o registro (só) do PT (como se a propina saída da Petrobras não tivesse
ido para PT, PMDB e PP);
(9) demorou mais de um ano para devolver seu voto-vista no caso
do financiamento empresarial de campanha e disse que esse tema [aberrante] deve
voltar a ser discutido após as eleições de 2016;
(10) tudo isso está acontecendo justamente quando a PF encontrou
novas provas no caso Castelo de Areia (que cuida de propinas da Camargo Correia
para o PMDB, PSDB e outros partidos, envolvendo diretamente o presidente
Temer);
(11) a PF, ademais, acaba de prender um dirigente do PSDB de
Goiás;
(12) suas críticas aos “vazamentos” acontecem, de outro lado,
quando já se sabe que Serra recebeu R$ 23 milhões em caixa dois da Odebrecht, o
PMDB mais de R$ 10 milhões, Skaf R$ 6 milhões etc.
A tropa dedicada à destruição da Lava Jato está copiando os
mesmos procedimentos que a elite dirigente da Itália adotou (depois de 1994,
sob a liderança de Berlusconi) para desmantelar a Operação Mãos Limpas: os
juízes e procuradores foram terrivelmente atacados (e perderam, com isso, o
apoio popular).
Nessa mesma linha vem vindo uma “lei de anistia” (tudo igual à Itália).
Assim como recuos de delatores (como é o caso de José Sobrinho, da Engevix, que
tinha delatado o pagamento de R$ 1 milhão para Temer e recuou).
Desmoronar as instituições, aprovar leis de anistia e eliminar
provas incriminatórias são táticas muito conhecidas na velha cleptocracia
brasileira. Vamos acompanhar cada batalha dessa guerra de titãs.
E que a Lava Jato, dentro da lei, não perca sua força diante dos
partidos políticos, que são, na verdade, “facções”. Vamos prestar atenção no
alerta de Joaquim Barbosa: “O grupo que tomou o poder o
fez para se proteger e continuar roubando.”.
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