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domingo, 8 de fevereiro de 2015

Merkel é o maior monstro da Europa​ (Cf. Owen Jones. The Guardian)


Levy, a Merkel é o maior monstro da Europa​

Uma política de austeridade que não produziu nada, a não ser a ruína social em toda a Europa.
Publicado em 08/02/2015

Amigo navegante sugeriu republicar essa traduçao de um artigo no Guardian inglês:

MERKEL É O MAIORMONSTRO DA EUROPA

Owen Jones, no The Guardian

Angela Merkel é a líder mais monstruosa da Europa Ocidental desta geração. Políticos que infligem  crueldade econômica em larga escala e destróem a vida de milhões de pessoas acabam não tendo que enfrentar a Justiça.

Mas, Merkel, sem dúvida, permanece sob julgamento e foi condenada no banco dos réus da História. 

Sumos sacerdotes da austeridade da União Européia  evocam as palavras do inflamado discurso de Charlie Chaplin, no fim de “O Grande Ditador”: “Homens máquinas, com mentes máquinas e corações máquinas”. 

Os gregos se rebelaram contra os homens e mulheres -máquina -  e estão clamando para que outros os sigam.

Aliviar a dívida da Grécia faz sentido econômica e moralmente

Merkel, os burocratas da União Européia e financistas internacionais são cruéis, mas não estúpidos: eles sabem que a esperança é um contágio, e farão tudo o que puderem para que o movimento Syriza pare de inspirar outros.

Merkel já exigiu que Alexis Tsipras, o novo primeiro-ministro grego, ignore o seu mandato democrático e apoie as medidas de austeridade impostas do exterior.

No período de preparação para a eleição, vazamentos de informação do governo alemão sugeriam  a saída da Grécia da Zona do Euro: uma mensagem clara para que o povo grego não votasse da maneira errada. 

Para aqueles que querem que a Europa tenha um futuro que não seja o da queda do padrão de vida, aumento da insegurança e retirada da provisão social, é a política de Merkel e das elites podres que ela representa que deve se submeter a um ajuste de contas.

Considere a espetada que o ganhador do Premio Nobel, o economista Paul Krugman está dando na política que destruiu um quarto da economia grega. 

Como observa Krugman, a troika – FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia – promoveram “uma fantasia econômica”, pela qual os gregos pagaram. 

Eles projetaram que o desemprego atingiria o pico de 15% em 2012 e, em lugar disso, a projeção foi arremessada para mais de 25%.

Krugman despiu a mentira de que os gregos não se impuseram austeridade suficiente: os gregos, na verdade, cortaram ainda mais do que foi planejado e, como a economia entrou em colapso, também as receitas fiscais sofreram mais do que o planejado.

Os gregos têm que viver dentro de suas posses; eles estão sofrendo, agora, pelos  anos de libertinagem, ao contrário do austero Estado alemão – e assim segue o mantra. 

A Grécia foi mais atingida pela fraude e a evasão fiscal do que a maioria das nações, e o Syriza promete uma repressão radical a ambos.

Porém, os mitos que sustentam a mal velada punição coletiva seriam destruídos. 

Como um editorial da Bloomberg postou: “Cada devedor  irresponsável é legitimado por um banqueiro  irresponsável.”

A Alemanha mamou dinheiro em países como a Grécia e Espanha – essa é a “magia” dos mercados desregulados – e, dessa forma,  “emprestou mais do que os devedores  podiam pagar “.

Os bancos alemães e os políticos alemaes  deveriam saber que isso acabaria em desastre.

Então, por que não agiram? Simples: a ganância. 

Como Kevin Drum, um analista norte-americano, explica: concederam “aos poupadores alemães um lugar para investir dinheiro” e “forneceram à periferia – Grecia, Espanha, Portugal … -   dinheiro barato o suficiente para construir um próspero mercado para as exportações alemãs”.

Quais foram os primeiros países da UE a desrespeitar os tetos do Orçamento ?

A Alemanha e França? Poderosas como eram, elas não enfrentaram qualquer represália.

Isso absolve as elites gregas – atenção, não o povo grego – de seu papel na calamidade ? Claro que não. 

Mas, Merkel deveria estar pedindo perdão também.

Tudo o que os dirigentes europeus têm a oferecer são sociedades falidas e pessoas falidas. 

Mais da metade dos jovens na Espanha e na Grécia estão sem trabalho, o que deixa marcas: além da angústia, eles enfrentam a possibilidade de desemprego e salários mais baixos pelo resto de suas vidas.

Direitos dos trabalhadores, serviços públicos, um Estado de Bem-Estar: o que foi conquistado com alto custo por pessoas fortes e de visão é agora destruido.

(…) 

É por isso que a Grécia tem de ser defendida com urgência – não apenas para apoiar um governo democraticamente eleito e as pessoas que o colocaram lá. E

As elites europeias sabem que, se as exigências do Syriza forem cumpridas, então, outras forças de mesma opinião serão  encorajadas. 

Na Espanha, o Podemos, um movimento anti-austeridade,  que está em alta, e deverá triunfar nas eleições deste ano.

O Syriza já conquistou mudanças: a limitada flexibilização quantitativa do Banco Central Europeu  é, em parte, uma resposta à sua ascensão.

Mesmo o conhecido radical Reza Moghadam,  Vice-Presidente do banco Morgan Stanley para mercados de capitais globais, e ex-chefe do Departamento Europeu do FMI, considera que o Syriza tem uma forte posicao de negociaçao. 

O precedente de uma saída da Zona do Euro levaria o mercado a punir outros membros e, em consequencia, provocaria outros pedidos de perdão da dívida da Grécia. 

A vitória da Grécia é possível, mas depende de pressão popular por toda a Europa. 

Se o Syriza vencer,  será uma vitória impressionante para todas as forças anti-austeridade, e ajudará a mexer no equilíbrio de poder na Europa.

Mas, se a Grécia perder, os governos e os bancos  tentarão sufocar o Syriza  logo no inicio do Governo.

Será o triunfo da austeridade sobre a Democracia. 

O futuro de milhões de europeus – gregos, franceses, espanhóis e também britânicos – será desolador.

Por isso, é importante um movimento para defender a Grécia em ruínas.

A  Alemanha derrotada se beneficiou do alívio da dívida em 1953, e temos de exigir o mesmo  para a Grécia hoje. 

Devemos apoiar o pedido do Syriza para encerrar uma política de austeridade que não produziu nada, a não ser a ruína social em toda a Europa.
Posters do Syriza proclamavam:

“A esperança está a caminho”.

(…)

É um jogo de apostas altas: a derrota significará mais incontáveis anos de pesadelo econômico.

Esta reprise da década de 1930 pode ser encerrada – desta vez, pela Esquerda democrática, ao invés da Direita fascista e genocida.

A era de Merkel e os homens-máquina pode estar no fim.

Cabe a todos nós agir, e agir rapido.



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