03/jan/2015... Atualização 04/jan/2015...
Ver artigo
principal: Consenso de Brasília
Ver artigo
principal: Consenso de Buenos Aires
Ver artigo
principal: Consenso de Porto Alegre
Disponível em: ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Consenso_de_Washington). Acesso em: 03/jan/2015.
Consenso de
Washington
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Índice
[esconder]
- 1 O
termo
- 2 A
prática na política econômica mundial
- 3 As
dez regras
- 4 Resultados
- 5 Críticas
- 5.1 A
Malásia: uma "solução alternativa" aos programas do FMI?
- 5.2 The
Economist
- 5.3 Chutando
a Escada
- 5.4 Consenso
de Brasília
- 5.5 Consenso
de Buenos Aires
- 5.6 Consenso
de Porto Alegre
- 6 Referências
- 7 Bibliografia
Consenso de
Washington é um
conjunto de medidas - que se compõe de dez regras básicas - formulado em
novembro de 1989 por
economistas de instituições financeiras situadas em Washington
D.C., como o FMI,
o Banco Mundial e o Departamento do Tesouro dos
Estados Unidos, fundamentadas num texto do economista John
Williamson, doInternational Institute for Economy, e que se tornou a
política oficial do Fundo Monetário Internacional em
1990, quando passou a ser "receitado" para promover
o "ajustamento macroeconômico" dos países em
desenvolvimento que passavam por dificuldades.
Segundo Dani Rodrik:
"Enquanto as lições tiradas pelos proponentes (do Consenso de
Washington) e dos céticos diferem, é legítimo dizer que ninguém mais
acredita no Consenso de Washington. A questão agora não é saber se
o Consenso de Washington ainda vive; é saber-se o que deverá
substituí-lo".1 2
Para o presidente
de El
Salvador, Mauricio Funes, "a crise econômica e financeira
que começou em nos EUA evidenciou
o esgotamento de um modelo nascido dos Consensos de Washington". E afirma
que o Brasil demonstrou nos últimos anos a "falsidade neoliberal da
contradição entre o equilíbrio das políticas macroeconômicas e o aprofundamento
e ampliação das políticas sociais de equidade e inclusão".3
O termo[editar | editar código-fonte]
John
Williamson criou a expressão "Consenso de
Washington", em 1990, originalmente significar: "o mínimo
denominador comum de recomendações de políticas econômicas que estavam sendo
cogitadas pelas instituições financeiras baseadas em Washington
D.C. e que deveriam ser aplicadas nos países da América
Latina, tais como eram suas economias em 1989."4 Desde
então a expressão "Consenso de Washington" fugiu ao
controle de seu criador e vem sendo usada para abrigar todo um elenco de
medidas e para justificar políticas neoliberais,
com as quais nem mesmo Williamson concorda:
"Claro
que eu nunca tive a intenção que meu termo fosse usado para justificar
liberalizações de contas de capital externo... monetarismo, supply side economics,
ou minarquia (que
tira do Estado a função de prover bem-estar
social e distribuição de renda), que entendo serem a
quintessência do pensamento neoliberal".4
A prática na
política econômica mundial[editar | editar
código-fonte]
Independentemente
das intenções originais de seu criador, o termo "Consenso de
Washington" foi usado ao redor do mundo para consolidar o receituário de
caráter neoliberal - na onda mundial que teve sua origem
no Chile de Pinochet, sob
orientação dos Chicago Boys, que seria depois seguida por Thatcher,
na Inglaterra (thatcherismo)
e pela economia do lado da
oferta (supply-side economoics) de Ronald
Reagan (reaganismo), nos Estados Unidos.
O FMI passou a
recomendar a implementação dessas medidas nos países emergentes, durante a década
de 1990, como meios para acelerar seu desenvolvimento econômico.
De início essas
ideias foram aceitas e adotadas por dezenas de países sem serem muito
questionadas.
Só após a grave crise asiática, em 1997, da quase quebra da Rússia, que
viu seu PIB cair
30%, da "quebra" da economiaArgentina5 -
que recebia notas A+ do FMI pelo zelo com que aplicava suas sugestões6 -
e de vários outros desajustes econômicos ocorridos pelo mundo, o
"Consenso" foi adaptado e, desde 2004, já revisto pelo próprio FMI,7 que
abandonou o dogmatismo inicial.8
A popularização
dessas políticas econômicas criadas, foi muito facilitada pelo entusiasmo que
gerou a queda do muro de Berlim e foi ajudada pela decadência do socialismo soviético, numa época
em que parecia que os países que seguiam o planejamento central estavam fadados
ao fracasso econômico e político.
Estabilizar privatizar e liberalizar tornou-se o mantra de
uma geração de tecnocratas que estavam tendo sua primeira experiência no
mundo subdesenvolvido, e dos líderes políticos por eles aconselhados.1
|
Muitos países
subdesenvolvidos acabaram por implementar, em vários graus, componentes desse
pacote econômico, com resultados muito debatidos. Críticos do Consenso
de Washington alegam que o pacote levou à desestabilização econômica.9 Outros
acusam o Consenso de Washington de ter produzido crises, como
a da Argentina, e pelo aumento das desigualdades sociais na América Latina.
Frequentemente os críticos do Consenso de Washington são
associados por seus defensores - ou são acusados de serem associados - ao socialismo ou
à antiglobalização. Mais recentemente essas críticas
vêm sendo engrossadas por acadêmicos norte-americanos, como fez Dani Rodrik,
Professor de Política Econômica Internacional na Universidade de Harvard, em seu trabalho Adeus
Consenso de Washington, Olá Confusão de Washington?.1
As dez regras[editar | editar código-fonte]
- Disciplina fiscal
- Redução dos gastos públicos
- Reforma tributária
- Juros de
mercado
- Câmbio de
mercado
- Abertura comercial
- Investimento estrangeiro direto, com
eliminação de restrições
- Privatização das estatais
- Desregulamentação (afrouxamento das
leis econômicas e trabalhistas)
- Direito à propriedade intelectual
Resultados[editar | editar código-fonte]
O entusiasmo
despertado pelas reformas preconizadas pelo Consenso de Washigton foi
tal em muitos países, inclusive no Brasil, que a lista de 10 recomendações do Williamson tornou-se
humilde e inócua por comparação. A liberalização e abertura para os fluxos de
capitais internacionais foi muito além daquilo que o próprio Williamson julgava
adequado (e prudente) de seu ponto de vista dos anos 80, em muitos países
subdesenvolvidos. Apesar dos protestos de Williamson, sua agenda de reformas
passou a ser percebida, ao menos por seus críticos, como um esforço ideológico
destinado a impor o neoliberalismo, e o fundamentalismo de livre mercado,
aos países emergentes.
Uma das coisas
que é hoje mais ou menos consensual acerca dessas reformas é que as coisas não
sairam como fora planejado. Mesmo os mais ardorosos defensores das políticas
preconizadas então pelo Consenso de Washingtonconcordam que o
crescimento ficou muito abaixo do esperado na América
Latina, e que o "período de transição" foi muito mais profundo e
duradouro nas economias anteriormente socialistas do
que fora imaginado.1
A autocrítica
desenvolvida no documento The World Bank’s Economic Growth in the
1990s: Learning from a Decade of Reform (2005), é altamente
surpreendente na medida em que nos mostra como nos distanciamos das ideias
originais doConsenso de Washington. Gobind Nankani, vice presidente do Banco
Mundial escreveu no seu prefácio: "(…)que não há um único
conjunto universal de regras. temos que nos afastar de fórmulas
pré-estabelecidas, e da procura por 'melhores práticas' ilusórias…" (p.
xiii). A nova ênfase do Banco Mundial reside agora na necessidade da humildade,
em políticas diversificadas, em reformas limitadas e seletivas, e na
necessidade da experimentação.10 Segundo Dani Rodrik,
por vezes seu leitor tem que ser relembrado de que não tem em suas mãos algum
manifesto radical, mas sim um relatório oficial preparado na própria sede da
ortodoxia econômica universal no campo do desenvolvimento.1 O
relatório do Banco Mundial reconheceu que, em primeiro lugar,
houve um colapso, prolongado e inesperado, na produção dos países em transição
das economias anteriormente comunistas.
Mais de uma década depois de iniciada a transição para os livre mercados,
muitos países anteriormente comunistas ainda não tinham recuperado seus níveis
anteriores de produção.1 Em
segundo lugar a África Sub-Sahariana não 'decolou', a despeito das reformas
políticas e nas melhoras das políticas externas e do contínuo influxo de ajuda
econômica. Os sucessos foram poucos - Uganda, Tanzânia e Moçambique são
os mais citados, mas uma década depois suas economias ainda permanecem frágeis.1 Em
terceiro lugar houve recorrentes e dolorosas crises financeiras na América
Latina, Leste Asiático e Turquia. A maioria dessas crises era imprevisível, até que o
fluxo de capitais, em mercados liberados, reverteu-se subitamente.1 Em
quarto lugar o crescimento da América
Latinaem termos per capita ficou muito abaixo do período 1950-80, apesar
dos desmantelamento das políticas estatizantes, populistas e protecionistas dos
antigos regimes da região. Finalmente a Argentina, a
garota propaganda das teses do Consenso de Washington, desabou em 2002.1
Críticas[editar | editar código-fonte]
A Malásia: uma
"solução alternativa" aos programas do FMI?[editar | editar
código-fonte]
A Malásia se
constitui num caso curioso, que pode servir de "experiência de
laboratório" para as recomendações de política econômica
receitadas pelo Consenso de Washington.
Isto porque a
Malásia, quando da crise asiática, em 1997-98, sofreu uma
forte crise cambial - com sua moeda, o ringgit, caindo de 2,50 para
4,20 por dólar - e fez exatamente o oposto do que
recomenda o FMI nas
mesmas circunstâncias, obtendo grande sucesso.11
Nas crises de
fugas de capitais, que se transformam em crises cambiais, o FMI recomenda a
flutuação das taxas de câmbio; a Malásia fixou-as. O FMI sugere uma forte
elevação dos juros; a Malásia reduziu-os. O FMI receita redução dos gastos
públicos para reduzir a relação dívida/PIB. A Malásia aumentou
os gastos públicos e impôs uma trajetória ascendente à sua relação dívida/PIB.
Tudo isso só pôde
ser feito por que a Malásia neutralizou, com a adoção de rígidos controles,12 os
possíveis impactos que a plena movimentação de capitais de curto prazo poderia
ter causado à sua economia.
A recuperação
malaia foi impressionante. Sua indústria cresceu 8,5% em 1999, ano em que seu
PIB cresceu 5,4%e seu PIB continuou a crescer 7,8% em 2000 e 7% em 2001. A
inflação, que em 1998 - antes da crise - fora de 5,3%, caiu para 2,8% em 2000 e
2,2% em 2001. A relação dívida/PIB, que era de 60% antes da crise, manteve-se
em alta e hoje atinge um patamar superior a 70%.
Um estudo
acadêmico bastante conhecido, elaborado por KAPLAN e RODRIK, constatou que a
recuperação da Malásia, na crise 1997-98, foi mais rápida e menos custosa
quando comparada à recuperação da Tailândia e
a da Coreia do Sul, que seguiram à risca o receituário do FMI.11
The Economist[editar | editar código-fonte]
O mais curioso é
que, apesar de ser a "modernidade" um dos mitos
legitimadores do discurso neoliberal, seus "criadores" repetem, na
essência, as normas enumeradas, em 1843, pela revista The
Economist, por ocasião de sua fundação.
Criada pelos
representantes da indústria têxtil de Manchester, a revista The
Economist tinha como objetivo a defesa do livre-comércio, do
internacionalismo e da mínima interferência do governo, especialmente nos
negócios de mercado, princípios que mantém até hoje.13
Recentemente The
Economist, a centenária e respeitada revista britânica de linha
editorial liberal,
comentou que "é amplamente reconhecido que a liberalização dos
mercados financeiros domésticos e os fluxos de capitais através das fronteiras
foram uma das causas principais de Crise asiática".14
Chutando a
Escada[editar | editar código-fonte]
O economista
coreano radicado na Inglaterra Ha-Joon Chang, professor da Universidade de Cambridge, está entre os
mais veementes críticos do Consenso de Washington. Para ele, o Consenso teria
sido uma espécie de "armadilha" criada, na década de 1980, pelos
países desenvolvidos de então para impedirem que os países subdesenvolvidos e,
em especial, aqueles que estavam emergindo do bloco
comunista, conseguissem atingir os mesmos níveis de desenvolvimento do
então Primeiro Mundo.15
De acordo com
Chang, o Consenso pregava práticas liberalizadoras como única forma de se
contornar as crises da Década Perdida, mas tais práticas seriam o exato
oposto daquelas praticadas pelos países desenvolvidos quando de seu
desenvolvimento.
Ao pregarem a
extinção de barreiras alfandegárias,
que deveriam ser substituídas por tarifas alfandegárias e ao pregarem o livre
comércio internacional com políticas de austeridade fiscal, os
países desenvolvidos planejariam manter seu status e, sobretudo, manter o
status de subdesenvolvimento dos países subdesenvolvidos.
Na prática, Chang
cita como exemplo a manutenção de subsídios,16 por
parte dos países ricos, a determinados setores de suas economias como sendo uma
espécie de barreira alfandegária,17 já
que a manutenção artificial da competitividade internacional de um determinado
setor contrariaria as leis do mercado defendidas pelo Consenso de Washington.
Nesse sentido, os
países desenvolvidos estariam "chutando a escada" por onde
subiram a fim de impedirem que os países subdesenvolvidos atingissem o mesmo
nível de sucesso deles, sendo o Consenso de Washington sua principal arma para
tal fim.
Consenso de Brasília[editar | editar código-fonte]
Consenso de
Buenos Aires[editar | editar código-fonte]
Consenso de
Porto Alegre[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ Ir
para:a b c d e f g h i Dani
Rodrik1. Goodbye Washington Consensus, Hello Washington Confusion? Harvard
University, January 2006
- Ir
para cima↑ Em um livro editado com Pedro-Pablo Kuczynski em 2003, John
Williamson planejou uma agenda de reformas expandida, enfatizando
a proteção contra crises nas economias, reformas de "segunda
geração" e políticas levando em conta desigualdades de renda e
problemas sociais (Kuczynski e Williamson, 2003)
- Ir
para cima↑ Folha de São Paulo, 08/08/2010 - Opinião
A3, seção TENDÊNCIAS/DEBATES
- ↑ Ir para:a b Washington Consensus, Center for International
Development at Harvard University.
- Ir
para cima↑ CARMO,
Márcia.FMI cedeu, diz governo da Argentina. Buenos Aires, BBC
Brasil.com, 9/3/2004, 18h55 Brasília
- Ir
para cima↑ GOMEZ,
Rafael. FMI admite 'erros' antes da crise argentina. Miami,
BBC Brasil.com 25/3/2004, 23h36 Brasília
- Ir
para cima↑ ENGLISH,Simon. IMF admits its policies seldom
work New
York: Telegraph.co.uk, 11:40pm GMT 19/03/20
- Ir
para cima↑ (em inglês) STIGLITZ,
Joseph. More
Instruments and Broader Goals: Moving Toward the Post-Washington Consensus. The 1998 WIDER Annual
Lecture. Helsinki, Finlândia, 07/1/1998.
- Ir
para cima↑ Mason, Mike. Development and Disorder: A History of the
Third World since 1945. Hanover:
University Press of New England, 1997. 428 pp. ISBN
0874518296.
- Ir para cima↑ World Bank, Economic
Growth in the 1990s: Learning from a Decade of Reform, Washington, DC,
World Bank, 2005
- ↑ Ir
para:a b KAPLAN,
Ethan e RODRIK, Dani. Did The Malasyan Capital Controls Work. Harvard University, John F. Kennedy
School of Government, Cambridge, revised 2001
- Ir
para cima↑ A
Guide To The Exchange Control Rules
- Ir
para cima↑ PEREIRA, Raimundo Rodrigues. A República
Enviesada. São Paulo: Revista CartaCapital,
no. 425, p. 47, 27/12/2006.
- Ir
para cima↑ The Economist, June 12, 1999, p. 65
- Ir
para cima↑ Resenha
de Chutando a Escada (em inglês)
- Ir
para cima↑ Subsídios
agrícolas prejudicam os países pobres
- Ir
para cima↑ Reflexos
dos subsídios da União Europeia na África
- Ir
para cima↑ http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u54273.shtml
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- BASTOS,
Pedro Paulo Zahluth; BIANCARELI, André Martins; DEOS, Simone Silva de. Controle
de capitais e reformas liberais: uma comparação internacional.UNICAMP:
Economia e Sociedade, Campinas, v. 15, n. 3 (28), p. 545-576, dez. 2006
- CROTTY, James. Slow
Growth, Destructive Competition, and Low Road Labor Relations: A
Keynes-Marx-Schumpeter Analysis of Neoliberal Globalization. PERI-
Political Economy Research Institute, PERI Publications, 11/1/2000 (em inglês)
- ENGLISH,Simon. IMF
admits its policies seldom work New York: Telegraph.co.uk,
11:40pm GMT 19/03/20 (em inglês)
- KAPLAN, Ethan e RODRIK, Dani. Did
The Malasyan Capital Controsl Work. Harvard University, John F.
Kennedy School of Government, Cambridge, revised 2001 (em inglês)
- RODRIK, Dani. Goodbye
Washington Consensus, Hello Washington Confusion? Harvard
University, January 2006 (em inglês)
- STIGLITZ, Joseph. More
Instruments and Broader Goals: Moving Toward the Post-Washington Consensus.
The 1998 WIDER Annual Lecture. Helsinki, Finlândia, 07/1/1998. (em inglês)
- STIGLITZ, Joseph E. There
is no invisible hand. London: The Guardian Comment, December
20, 2002. (em inglês)
- (em inglês) STIGLITZ, Joseph E.Making
Globalization Work. New York, London: W. W. Norton, 2006.
- CHANG, Ha-Joon. Chutando a
Escada: a estratégia do desenvolvimento em perspectiva histórica. São
Paulo: EdUNESP, 2004.
Nenhum comentário:
Postar um comentário