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sexta-feira, 18 de julho de 2014

'Hoje é a Argentina, amanhã serão os outros' (Blog do Zé Dirceu)





“Hoje é a Argentina, amanhã serão os outros”



Em sua participação, junto aos 11 presidentes sul-americanos convidados a participarem da 6ª Cúpula dos Brics (Fortaleza), na parte final em Brasília, a presidenta argentina Cristina Kirchner classificou de “pilhagem internacional” o comportamento dos credores dos fundos abutres e o aval dos tribunais norte-americanos que deram ganho de causa a eles. Ela fez um alerta importante: “hoje é a Argentina, amanhã serão os outros”.
“Acreditamos que se deve terminar com este tipo de pilhagem internacional em matéria financeira como hoje pretendem fazer contra a Argentina e como vão pretender fazer, seguramente, contra outros países do planeta”, afirmou a presidenta. Como vocês sabem, do total de credores, 92% aceitaram renegociar a dívida e já começaram a receber as parcelas do pagamento pelo governo argentino.
Mas, 8% que estão sendo chamados de dos chamados de “fundos abutres” se recusaram a aceitar a negociação e, com total aval de um tribunal americano de Nova York, agora exigem o pagamento integral, juros inclusos, do valor da dívida de bônus da moratória decretada pela Argentina em 2001. Esses papéis chegaram às mãos dos atuais credores em 2008, quando eles compraram títulos da dívida dos investidores que haviam se recusado a aceitar a reestruturação proposta pelo governo de Buenos Aires em 2005.
Consequências da pilhagem
Como explicou a presidenta Kirchner, “estes fundos abutres não foram investidores na Argentina. Compraram bônus em 2008, quando já haviam se passado sete anos da declaração do default (impossibilidade total de pagar a dívida). Eles nunca emprestaram dinheiro à República Argentina, mas compraram por centavos uma dívida de US$ 48 milhões”.
“A Argentina, por mais que a difamem e digam que não quer negociar (quer, está disposta a um acordo). Os únicos que não querem negociar são os fundos abutres que querem receber por U$ 48 milhões (que compraram), U$ 16 bi em seis anos. Nós sempre estamos dispostos a negociar, dentro da lei, da justiça e da equidade”, complementou a governante argentina, reafirmando que seu país não vai entrar em “default” (decretar calote da dívida).
“Queremos pagar 100% da dívida da Argentina com justiça. Em seis anos, esses fundos tiveram valorização excessiva de 300%”, complementou.  Até o final deste mês, expira o prazo argentino para fechar um acordo com esses credores ‘abutres’.  A presidenta argentina reafirmou que não vai ceder a ameaças e lembrou que, hoje, “a Argentina é uma presa muito cobiçada por todos, porque é muito rica, o 8º país do mundo em área, com apenas 40 milhões de habitantes, 2ª maior reserva de gás e quarta de petróleo mundial”.
BRICS
Entusiasta do BRICS, Cristina Kirchner avaliou que a consolidação do bloco é “um passo muito importante”: “Demos um passo importante aqui no Brasil. Os países da UNASUL também deram um passo importante quando constituímos o Banco do Sul. E vão surgindo cada vez mais instituições que questionam precisamente o funcionamento de organismos multilaterais que, no lugar de dar soluções, não fazem mais do que complicar a vida dos povos” – referência ao FMI.
Ela  saudou, ainda, a “decisão do BRICS de constituir um banco de fomento, de desenvolvimento, que também poderá, por que não, colocar ordem em uma finança internacional deficiente”. E ponderou: “muitas vezes, falamos da imprescindível reforma nos mecanismos multilaterais de crédito e políticos. Esse (o banco e o fundo criado pelos BRICS) é um sinal muito positivo”.
A presidenta argentina também enfatizou a unidade entre BRICS e UNASUL, considerando-a uma aposta em um “mundo multipolar” que se impõe como contraponto ao “fracasso dos organismos multilaterais”.  Para Cristina a cúpula BRICS “marca, sem a menor dúvida, o fracasso que estamos tendo nos organismos multilaterais. Sobretudo em dar um ordenamento global e financeiro que inclua crescimento, criação de empregos, combate ao abandono social que os sul-americanos têm vivido durante tantas décadas.”
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