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domingo, 25 de maio de 2014

O fim do poder na visão de Moisés Naím (da Revista Exame)

25/mai/2014...


O fim do poder, na visão de Moisés Naim

Em seu novo livro, Moisés Naím, um dos pensadores mais destacados da América Latina, analisa o que chama de grande erosão de poder no mundo — uma onda que afeta políticos, empresas e instituições. Leia trechos de O Fim do Poder, recém-lançado no Brasil

27/11/2013 08:00
Brooks Kraft/Latinstock
Presidente Barack Obama

Presidente Barack Obama: o líder dos Estados Unidos continua a exercer imenso poder, mas menos que seus antecessores

"O poder — a capacidade  de conseguir que os outros façam ou deixem de fazer algo — está passando por uma transformação histórica. Ele está se dispersando cada vez mais, e os tradicionais atores (governos, exércitos, empresas e sindicatos) são confrontados com novos e surpreendentes rivais — alguns muito menores em tamanho e recursos.

Costumamos interpretar mal ou até ignorar a magnitude, a natureza e as consequências da profunda transformação que o poder está sofrendo nos tempos atuais. É tentador focar apenas no impacto da internet e das novas tecnologias de comunicação.

Sabemos que o poder está passando daqueles que têm mais força bruta para os que têm mais conhecimentos, dos países do norte para os do sul e do Ocidente para o Oriente, dos velhos gigantes corporativos para as empresas mais jovens e ágeis, dos ditadores aferrados ao poder para o povo que protesta nas praças e nas ruas.

Mas dizer que o poder está indo de um país para o outro ou que está se dispersando pelos novos atores não é suficiente. Enquanto estados, empresas, partidos políticos e movimentos sociais brigam pelo poder — como sempre fizeram —, ele em si perde eficiência. Em poucas palavras, o poder não é mais o que era. 

No século 21, o poder é mais fácil de obter, mais difícil de utilizar e mais fácil de perder. Das salas de diretoria ao ciberespaço, a luta pela capacidade de influenciar é tão intensa quanto antes, mas produz cada vez menos resultados. Isso não quer dizer que o poder tenha desaparecido.

Os presidentes dos Estados Unidos e da China, os presidentes do banco JP Morgan, da petroleira Shell e da empresa de tecnologia Microsoft, a diretora do jornal The New York Times, a diretora do Fundo Monetário Internacional e o papa continuam poderosos. Mas bem menos do que seus predecessores.

As pessoas que ocupavam tais cargos não só enfrentavam menos adversários mas também sofriam menos restrições — seja de ativistas sociais, seja da mídia, seja de  rivais — ao utilizar esse poder. Como resultado, os poderosos de hoje costumam pagar um preço mais alto e mais imediato por seus erros do que seus antecessores.

Ditadores estão vendo seu poder enfraquecer e seu número diminuir. Em 1977, havia 89 países governados por autocratas; por volta de 2011, esse número reduziu-se a 22. Hoje, mais da metade da população mundial vive em democracias. As turbulências da Primavera Árabe fizeram-se sentir nos quatro cantos do mundo.

Novo cenário global 

A demolição da estrutura tradicional de poder está relacionada a mudanças na economia global, na política, na demografia e nos fluxos migratórios. A queda dessas barreiras está transformando a política local e a geopolítica, a competição entre as empresas para conquistar consumidores ou entre as grandes religiões para atrair adeptos, assim como a rivalidade entre organizações não governamentais.



Disponível em: (http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1054/noticias/um-mundo-novo-e-bravo). Acesso em: 25/mai/2014.

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