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Brasil pode assumir liderança mundial na agricultura
25 de maio de 2014 | 9h 04
GABRIELA MELLO - Agencia Estado
SÃO PAULO - Com uma extensa dimensão territorial e maior
disponibilidade de recursos hídricos, o Brasil tem grandes chances de
assumir a liderança na agricultura mundial nos próximos anos.
Diferentemente de nações como os Estados Unidos e a China, que são
dependentes de sistemas de irrigação e já não dispõem de novas áreas
para abertura agrícola, o País desfruta de condições climáticas
favoráveis, que o permitem cultivar até duas safras em algumas áreas de
sequeiro.
A avaliação é de Warren Kreyzig, analista de commodities do Banco
Julius Baer, que atua no Brasil por meio de participação de 80% na GPS
Investimentos Financeiros e Participações SA. De acordo com ele, o
déficit hídrico é a principal restrição para produção global de
alimentos. "Essa restrição de água deve melhorar a perspectiva de
demanda para o Brasil, que se tornará o grande provedor de alimentos do
mundo", comentou Kreyzig em entrevista exclusiva ao Broadcast, serviço
de notícias em tempo real da Agência Estado.
Com base em um cenário de crescimento médio da economia e sem
considerar eventuais ganhos de eficiência, ele projeta que o consumo
mundial de água crescerá 50% até 2030, o que resultará em um déficit de
aproximadamente 2,7 bilhões de metros cúbicos. O analista do banco suíço
observou que a agricultura irrigada responde por cerca de 70% do
consumo global de água e, dada a expansão demográfica e o aumento dos
níveis de consumo, os produtores terão de competir com a indústria por
recursos hídricos em países que não são favorecidos em termos de
hidrografia quanto o Brasil.
Kreyzig alertou, contudo, que o setor agropecuário brasileiro
precisará de investimentos maciços para ocupar a liderança no mercado
mundial. Entre os aspectos que precisam ser aprimorados, ele citou a
logística de escoamento da produção. "A situação melhorou muito em
relação ao ano passado e vislumbramos um bom futuro para o Brasil na
agricultura", reforçou.
Os preços mais altos das commodities agrícolas, sobretudo dos grãos,
permitiu ao produtor se capitalizar a ampliar os desembolsos na lavoura.
Mas o analista do Julius Baer alertou para uma redução dos lucros na
safra 2014/15. No caso da soja, ele adota um viés baixista por causa da
perspectiva de uma produção norte-americana recorde e da queda na
demanda doméstica por ração animal em meio à disseminação da diarreia
epidêmica suína. "Também esperamos cancelamentos de cargas dos EUA
porque, embora tenham melhorado, as margens de esmagamento na China
ainda estão negativas", justificou.
Para Kreyzig, as cotações da oleaginosa devem encerrar o ano
comercial 2013/14, que vai até 31 de agosto, em torno de US$ 13 por
bushel no curto prazo. Para o contrato novembro, referente à nova
colheita norte-americana, ele trabalha com uma perspectiva de US$ 10,50
por bushel.
Em relação ao milho, o analista do banco suíço citou uma tendência
neutra, já que o cereal é mais vulnerável que a soja às condições
climáticas. "Junho e julho são os meses mais importantes e precisamos
ver como o clima se sairá", disse, apontado uma meta de US$ 4,50 por
bushel para os próximos três meses.
Quanto ao trigo, Kreyzig observou que o mundo está bem abastecido e,
mesmo com problemas de seca nos EUA, os estoques tendem a permanecer em
níveis confortáveis. Por isso, ele prevê que os futuros da commodity
recuem para US$ 6,30 por bushel nos próximos três meses e, depois,
acentuem as perdas até US$ 6 por bushel no mês seguinte.
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Disponível em: http://economia.estadao.com.br/noticias/economia-geral,brasil-pode-assumir-lideranca-mundial-na-agricultura,185879,0.htm). Acesso em: 25/mai/2014.
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