Barack Obama promete apurar grampos contra Dilma Rousseff
Brasil receberá informações sobre espionagem americana.
Agências americanas dispõem de uma tecnologia muito sofisticada.
Marcos Uchôa
São Petersburgo, Rússia
O presidente Barack Obama não conseguiu dar explicações convincentes aos parceiros do G20 nem na questão da Síria, tampouco sobre as denúncias de espionagem. A reunião em São Petersburgo terminou com a promessa de Obama de apurar os grampos contra a presidente Dilma Rousseff.

No G20, os líderes dos países mais importantes do mundo, sentados educadamente em volta da mesa, conversavam sobre economia, um tema importante para todos. Mas, outro assunto também faz parte desse mundo e todos conhecem que não é de bom tom se conversar. O anfitrião, presidente da Rússia, foi chefe da KGB, o serviço secreto russo. Espionar já foi o trabalho de Vladimir Putin. Perto de Putin estava Barack Obama, presidente de um país com 16 agências de serviços de inteligência, o eufemismo usado quando se fala de espionagem.
Na foto de família, ao lado de Obama, como nas reuniões, estava a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, que, como o presidente do México, Enrique Peña Nieto, descobriu recentemente que os Estados Unidos, país tão próximo em todos os aspectos, tem sistematicamente monitorado, vigiado e espionado toda a comunicação deles, de seus ministros e de cidadãos de ambos os países.
"Eu acho que é gravíssimo espionar um país democrático, gravíssimo. Não vejo como alguém defenda que espionar um país democrático, espionar a privacidade de pessoas, de cidadãos e quebrar a soberania de um país é algo simples, não vejo como", diz Dilma.
Obama se encontrou com os dois e empregou a linguagem diplomática de sempre de “tomar providências, da importância das relações e de entender a preocupação”. Mas, nada pode esconder o desconforto de descobrir a extensão dessa prática ilegal, ainda mais para países tidos como amigos e aliados.
“O presidente Obama novamente me reiterou que assumia a responsabilidade direta e pessoal tanto para a apuração das denúncias como para oferecer as medidas que o governo brasileiro considerasse adequadas. O que eu pedi é o seguinte: eu gostaria de saber o que tem, além do que foi publicado pela imprensa, eu quero saber tudo o que há em relação ao Brasil. Tudo”, diz Dilma.
Barack Obama disse que até quarta-feira (11) o governo brasileiro receberá informações sobre o que foi feito pelos americanos em termos de espionagem. Como não se tem como checar, dificilmente vai se saber a extensão do que foi feito. Em termos de internet e escuta telefônica, as agências americanas têm uma tecnologia muito sofisticada. O Brasil pode reclamar, mas é pouco provável tenha como se proteger dessa espionagem.
Escândalos como esse minam a credibilidade da política externa americana. Ao falar em desrespeito a convenções internacionais, como armas químicas usadas pelo governo da Síria, Obama esbarra não só na resistência russa, mas numa relutância geral em abrir mais um front, ainda que os Estados Unidos já tenham deixado claro que serão poucos ataques, apenas uma maneira de dissuadir Bashar al-Assad de repetir massacres com o uso de gás. O presidente americano conseguiu apoio de metade dos países do G20 para seu plano. O Brasil não está nessa lista.
"Repudiamos e consideramos que qualquer uso de arma química constitui crime hediondo. Só a ONU tem mandato para definir intervenção militar", diz Dilma.
Vladimir Putin empregou nesta sexta-feira (6) mais uma arma destinada a assustar aqueles que cogitam apoiar um ataque à Síria. Ele disse que a instabilidade causada no Oriente Médio poderia aumentar o preço do petróleo e afetar a recuperação da economia mundial.
O G20 realizado em São Petersburgo, realisticamente, nunca pode ser um fórum com chances de um acordo. Até porque ele não é possível. Entre atacar e não atacar não existe um meio termo e nenhum dos dois lados vai ceder.
(http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2013/09/barack-obama-promete-apurar-grampos-contra-dilma-rousseff.html).
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