Blog do Cadu: Quem censura são as famílias donas da mídia:
QUINTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2013
Quem censura são as famílias donas da mídia
“Os meios de comunicação social não podem, direta ou
indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio”. É isso que diz o
parágrafo quinto do artigo 220 da Constituição Federal (CF) de 1988. O texto é
claro como cristal, mas sempre que se tenta debater a regulamentação dos meios
de comunicação, o falso debate de censura surge. E muita gente engole essa
cantilena.
Sem falar na atividade jornalística propriamente dita. Totalmente
desregulamentada, onde um jornalista se for de veículo poderoso tem mais poder
que o restante dos mortais. Pode fazer o que bem entender. Grampos ilegais,
falsear fontes e entrevistas. Tudo vale em busca dos objetivos do patronato e
na “construção” de seu nome no mercado.
Nenhum profissional deve ter um poder desses. Um jornalista não
pode estar acima dos demais membros da sociedade. Mas as empresas de
comunicação fizeram lobby para que o Conselho Federal de Comunicação não fosse
criado, ainda no primeiro governo Lula. Este órgão seria como a OAB para os
jornalistas brasileiros. E em nada tem a ver como o debate da regulamentação
dos meios de comunicação.
Regulamentar a comunicação social no Brasil é mais que urgente.
Esta é mais uma área que ficamos para trás. Enquanto países (ou seriam
ditaduras?) como Portugal, França, Inglaterra e EUA há muito tempo já criaram
suas leis e órgãos regulamentadores, aqui estamos reféns de cinco ou seis
famílias.
Essas famílias não ditam somente qual a informação que vai
circular no país, mas ditam nossos gostos, valores e costumes. Quantas meninas
de 12 a 14 anos não querem ser parecidas com a estrela de “Malhação”?
Regulamentar os meios de comunicação é apenas garantir o que
expressa nossa Carta Magna. Nada mais.
Até mesmo os defensores do capitalismo, enquanto sistema de
produção deveriam atuar na garantia dessa regulamentação. Afinal, a garantia de
concorrência é ou não um dos pressupostos deste sistema?
A CF é categórica ao afirmar que não pode haver censura de
qualquer tipo, a não a econômica. Sim, monopólio e oligopólio é censura
econômica. Os únicos pontos em que se toca sobre o conteúdo são a “preferência
a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; promoção da
cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua
divulgação; regionalização da produção cultural, artística e jornalística,
conforme percentuais estabelecidos em lei”, no artigo 221.
Não há o menor risco à liberdade de expressão ou imprensa. Ao
contrário, a regulamentação é a garantia a essas condições. Mas vivemos em um
país onde nos impregnam que a propriedade privada tem amis valor que a própria
vida. Basta ver que tipo de “trato” as pessoas manifestam querer dar a um
“ladrão de galinhas”, por exemplo.
Não é a toa que programas policialescos são uma febre nacional.
Eles pregam a punição elevada à décima potência.
O pior desse cenário é ver quem deveria – mesmo que minimamente –
garantir a Constituição alimentar o debate esquivado sobre os meios de
comunicação social no Brasil. O exemplo mais recente foi o recado que o
presidente do Senado, Renan Calheiros, mandou aos barões da mídia de que não
deixará ocorrer o debate no Congresso Nacional.
Vale tudo para não ter manchetes negativas nas capas dos
“jornalões” e seus parceiros. Vale até ignorar a Constituição Federal.
Jonathan Lemkin, roteirista do filme “O Advogado do Diabo” foi
muito feliz ao colocar nos diálogos a “o ego é meu pecado favorito”, dita pelo
personagem de Al Pacino, o diabo.
Nesse mundo cada vez mais “de plástico”, estar na mídia é quase
uma obsessão. Garantir a pluralidade de esse poder é tudo o que as cinco ou
seis famílias brasileiras que detém os meios de comunicação não querem. Sair da
influência delas é uma das coisas que o Brasil mais precisa.
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