Ab’Saber: a morte do grande geógrafo
17.03.2012 | 08:25
Morreu em sua casa o grande geógrafo brasileiro Aziz Ab’Saber, uma referência para muita gente, inclusive os que militam pela preservação do meio ambiente no Brasil.Tive a oportunidade de encontrá-lo algumas vezes. Alto elegante, conhecedor do Brasil em suas múltiplas dimensões, Aziz Ab’Saber foi um grande geógrafo com quem pude conversar.
O outro geógrafo que admirava é Aroldo de Azevedo autor dos livros nos quais estudei na juventude. Nunca o vi. Por coincidência, Ab’ Saber estava trabalhando na compilação da obra de Azevedo para entregá-la aos estudantes de todo o pais.
Nos livros de Aroldo de Azevedo encantavam-me as descrições e as fotos singelas que ele mesmo tirava. Ab’Saber sempre apoiou um governo de esquerda que pudesse se concentrar mais na preservação do meio ambiente..
Uma das vezes que o encontrei, ao lado de Marina Silva, foi no lançamento do programa ambiental do PT, em 2002, em Santo André. Mais tarde, o vi na Câmara dos Deputados e nossa conversa se concentrou no passado.
Ab’Saber é filho de libaneses. Sou neto. Ele falava sobre a importância de recuperar a memória dos nossos antepassados e construir uma história da emigração sírio-libanesa no Brasil.
Saber trabalhava em suas memórias. Existe já um livro chamado Um outro Arabesco, de John Tofik Karam, que trata do assunto e foi publicado pela Martins Fontes. Mas as memórias de cada família podem constituir uma trama mais complexa do processo de emigração.
Ab’Saber me ensinou muito sobre grandes ecosistemas brasileiros. Aroldo de Azevedo capturou minha imaginação com seus livros enxutos e suas singelas fotos do autor. Com ele descobri novas e espantosas: pororoca.
Grande perda para o Brasil e todos nós que amamos a geografia e os grandes intelectuais que se envolveram nos seus mistérios e dedicaram a vida a ensiná-la.
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