Postagem 28/jun/2015...
Governos tucanos de Minas blindaram 'amigos' em roubo ao Banco do Brasil
Governos tucanos de Minas blindaram 'amigos' em roubo ao Banco do Brasil
Polícia mineira conclui
investigação que indicia parentes diretos da mulher-forte do 'choque de
gestão' de Aécio e Anastasia. Empresa já é denunciada por golpe em outro
banco público, a CEF
por Helena Sthephanowitz, para a RBA
publicado
27/06/2015 15:28,
última modificação
27/06/2015 15:32
©otempo/reprodulçao - CC/Emilia Guimarães - arte RBA
Um inquérito da Divisão Especializada em
Investigação de Fraudes, da Polícia Civil, que investiga o roubo de R$
22,7 milhões de agências do Banco do Brasil em Minas Gerais por meio da
empresa de transporte de valores Embraforte, em 2013, aponta uso
político da Polícia Civil mineira pelo então governo do PSDB daquele
estado para blindar criminosos "amigos".
O delegado Cláudio Utsch, que assumiu e concluiu o inquérito,
indiciou e pediu a prisão dos donos da Embraforte, Marcos André Paes de
Vilhena e seus dois filhos – Pedro Henrique Gonçalves de Vilhena e
Marcos Felipe Gonçalves de Vilhena. São respectivamente irmão e
sobrinhos de Renata Vilhena, chefe da Secretaria de Planejamento e
Gestão, entre 2006 e 2014. Trata-se da poderosa secretária estadual do
"choque de gestão" dos governos tucanos de Aécio Neves e Antônio
Anastasia. Ela também foi secretária adjunta de Logística e TI do
Ministério do Planejamento do governo Fernando Henrique Cardoso.
"O poder de Renata esteve sempre pronto a auxiliar o irmão, e como é
cediço*, tempos atrás a Deif (Divisão Especializada em Investigação de
Fraudes) fora usada para atender interesses do grupo político do qual
faz parte a ex-secretária", diz o inquérito. O problema, segundo o
delegado, seria interferências políticas para atrapalhar as
investigações.
*Cediço: indiscutível, claro, notório, conhecido de todos etc. (nota da edição)
Desde que o Banco do Brasil deu queixa do roubo a investigação na
Polícia Civil não andou. Só em abril deste ano o novo titular da Deif
(Cláudio Utsch) assumiu o caso e concluiu a investigação, em junho.
Entre as evidências de "blindagem" dos investigados, Utsch relata o
que considera manobras para atrasar a investigação, "orquestradas por
meio da influência de Renata Vilhena". Uma delas teria sido tirar a
investigação da Deif e levar para a Delegacia de Crimes Cibernéticos,
que não tem nada a ver com as características do caso. Outra foi a
retirada de peças importantes do inquérito pelo antigo delegado do caso.
A Embraforte prestou serviços de transporte de valores ao Banco do
Brasil de 2006 a 2014 nas cidades mineiras de Belo Horizonte, Varginha e
Passos. O Banco do Brasil descobriu uma fraude nos caixas eletrônicos
abastecidos pela empresa, que colocava menos dinheiro do que declarava.
Flagrados, os donos reconheceram o ocorrido mas colocam a culpa nos
empregados. Estes disseram ter cumprido ordens que vinham de cima,
inclusive sob coação.
O inquérito afirma que a Embraforte roubou R$ 22,7 milhões do Banco
do Brasil por meio de depósitos com valores inferiores que os incluídos
no sistema da empresa. O esquema foi descoberto pelo próprio banco, uma
vez que as investigações pararam em algum gabinete da Polícia Civil.
Utsch pediu também o afastamento de seu antecessor nesta
investigação, o delegado César Matoso, acusando-o de ter agido como um
"advogado de defesa" dos Vilhena. "A autoridade policial, travestindo-se
de advogado de defesa de criminosos, e em parceria com os advogados de
defesa, produziu tais peças! Jamais tais oitivas poderão ser
consideradas como interrogatórios de criminosos que cometeram graves
crimes de colarinho branco", descreve, no inquérito.
As peças referidas são depoimentos dos investigados de forma
completamente anormal e suspeita. Em vez de o escrivão taquigrafar
diretamente no PCNet, sistema oficial da Polícia Civil próprio para
isto, o fez num programa de edição de texto comum, como se fosse um
rascunho, abrindo a possibilidade de seu conteúdo ser alterado antes de
ser lavrado como o depoimento oficial. Não bastasse, o próprio delegado
César Matoso fez o serviço de passar o "rascunho" para o PCNet oficial,
uma atitude bastante suspeita.
A Embraforte é alvo de outro inquérito na Polícia Federal por
ocorrência semelhante na Caixa Econômica Federal. Casas lotéricas deram
queixa de furto de dinheiro pela empresa. Parte do dinheiro recolhido
nas lotéricas pelos carros-forte não era depositada no banco de destino,
apesar dos controles apontarem exatidão nas operações.
Os negócios da Embraforte não ficam apenas nos bancos públicos do
Brasil. Outra denúncia contra os donos da empresa foi apresentada pelo
Ministério Público Federal (MPF) por trabalho escravo dentro da sede da
empresa. Em 2012, fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego
encontraram 115 empregados submetidos a jornadas extenuantes, em alguns
casos com duração superior a 24 horas, e a condições degradantes de
trabalho.
De certa forma, aplicavam na iniciativa privada conceitos que guardam
alguma semelhança com aquilo que "choque de gestão tucano" propõe ao
serviço público.
Original disponível em: (http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/helena/2015/06/governos-tucanos-de-minas-blindaram-amigos-em-roubo-ao-banco-do-brasil-396.html). Acesso
em: 28/jun/2015.
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