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sábado, 30 de abril de 2016

O analfabetismo “republicano” de Dilma Rousseff (Miguel do Rosário)

Postagem 30/abr/2016...

O analfabetismo “republicano” de Dilma Rousseff

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Por Miguel do Rosário, editor do Cafezinho. (Entrei logado com outro nome, desculpem).
É chato criticar um governo que já está com um pé na cova, ainda mais considerando o método escuso, o golpe, com que foi levado até essa posição.
Mas é duro também defender um governo que insiste em se dirigir à própria cova, como que atraído pela morte.
Os últimos anos tem sido extremamente duros para o campo progressista, porque precisa defender os avanços democráticos não apenas dos assaltos da direita golpista, como também do analfabetismo "republicano" do próprio governo.
Temos que conter os terroristas midiáticos que insistem em empurrar o governo para o abismo e conter o próprio governo, que parece sofrer de incontrolável tendência suicida para se jogar no abismo.
O não-discurso de Dilma Rousseff na ONU, na última sexta-feira, coroa a trajetória de um governo que, até o fim, desprezou solenemente a política.
Existem vários tipos de analfabetismo político: o analfabetismo que corroeu o governo Dilma é diferente daquele que assola a classe média paneleira, mas é tão nocivo quanto.
O analfabetismo "republicano" (insisto nas aspas por não aceitar dar conotação negativa a uma palavra e um conceito tão bonitos) do Palácio do Planalto tem origem numa mistura de covardia e incultura.
Dilma já havia perdido uma grande oportunidade de fazer um belo discurso na ONU no ano passado. Foi uma grande decepção para mim.
E agora, novamente, desperdiçou uma oportunidade, provavelmente a última oportunidade do campo popular de defender, perante chefes de Estado de outros países, perante o mundo, não apenas o seu governo, mas o próprio princípio da democracia e do respeito ao sufrágio universal.
Ao não fazê-lo, Dilma prestou um desserviço não apenas à luta pela democracia em nosso país, mas também à luta pela democracia em todo mundo.
Eu li inúmeros argumentos em defesa da escolha de Dilma: que ela mencionou a "grave situação brasileira" ao final, que deu um recado discreto, que deixaria para fazer a denúncia na entrevista coletiva.
Nada me convenceu. Para mim, Dilma cometeu um erro histórico.
A presidenta se escondeu, mais uma vez, atrás de um discurso soporífero, técnico, burocrático, convencional. Foi um não-discurso.
O único argumento que pode explicar a covardia de Dilma é sua incultura: sua profunda falta de conhecimento sobre literatura política.
Lula compensava sua incultura com uma incrível intuição política - e intuição, como sabem os leitores de Kant, é superior à qualquer outro tipo de conhecimento.
Dilma não tem intuição nem cultura.
Essa é uma espécie particularmente nociva de analfabetismo.
E tenho que denunciar este erro aqui para que nenhum outro político do campo popular, aqui ou em outro país, faça a mesma coisa.
Se Dilma não queria, por algum cálculo político (com o qual não concordo, mas tudo bem) usar a palavra golpe, isso não justifica nada: ela podia usar metáforas, podia fazer uma interface entre meio ambiente e democracia, podia citar Thomas Jefferson, que tem textos belíssimos sobre a importância do respeito à vitória eleitoral.
Podia mencionar John Milton, Shakespeare, qualquer coisa que fizesse o discurso ser repetido em todo planeta.
Há belíssimos, antológicos, modelos de discurso político, como o de Péricles, na guerra do Peloponeso, imortalizado no livro de Tucídides.
Existe toda uma literatura política pronta para ser usada em ocasiões como essa!
Repito: entendo (embora não concorde) que Dilma tenha escolhido não usar a palavra golpe, mas não a perdoo por não ter feito um discurso sobre democracia. Um discurso bonito, emocionante, pungente, que expressasse a dor que milhões de brasileiros que votaram nela estão sentindo neste momento, em que um punhado de bandidos golpistas estão prestes a assaltar o poder.
Verve, ironia, erudição, não são crimes!
Se Dilma estava com medo do STF, da Globo e dos golpistas no Senado, então que usassem figuras elegantes de linguagem justamente para os denunciar!
A decisão de Dilma reflete a sucessão de erros que ela cometeu desde o primeiro dia de seus governos: esse desprezo pela política, essa falta de respeito pela luta política travada, nas redes e nas ruas, por seu próprio eleitorado.
Esse desprezo pela política, pelo discurso, pela literatura, pela comunicação, destruiu seu governo!
O governo Dilma parece dar importância apenas a grande imprensa.
O discurso na ONU serviria de combustível para as mobilizações populares no Brasil e em todo mundo!
Aquela entrevista coletiva em Nova York, feita na calçada, sem cobertura televisiva decente de nenhuma tv pública, não compensou o recuo na tribuna da ONU.
Dilma decidiu dar entrevista aos blogueiros apenas na última terça-feira, ou seja, após o golpe.
Mais uma prova de seu desprezo pela comunicação e pela política.
O seu staff de comunicação deve ser o pior do mundo. Possivelmente, até o presidente do Botafogo tem uma assessoria melhor. A entrevista com os blogueiros não foi filmada - por razões incompreensíveis. Na hora, improvisamos filmes por celular, de péssima qualidade. Eu fiz alguns filmes do meu celular, com Dilma ao fundo, a mão de um outro blogueiro à frente e uma garrafa de água mineral tampando boa parte da presidenta.
O último ministro da Secom, Thomas Traumann, hoje é o assessor de imprensa de Michel Temer, para vocês verem o nível de pessoas escolhidas por Dilma para lhe dar suporte da área de comunicação.
Aliás, esse é o modus operandi do PT em toda parte, inclusive na prefeitura de São Paulo. O resultado prático parece não importar ao PT: há uma convicção de que a assessoria de imprensa deve ser ocupada por alguém do chamado "PIG".
Nem perder o mandato num golpe os ajudam a mudar. O governador de Minas Gerais também está à beira de ser deposto, mas a sua comunicação é igualmente baseada em fórmulas tradicionais: a velha e inútil relação com a grande imprensa, sem olhar para internet, blogs ou redes sociais.
Parte da cúpula do PT foi para a cadeia, os outros são xingados em restaurantes, o seu governo foi praticamente deposto, tudo isso através de articulações costuradas na grande mídia, e não existe, até hoje, uma discussão séria sobre como montar uma nova estratégia de comunicação, baseada no esclarecimento, na cultura, em novas tecnologias.
Até hoje, em plena luta contra o golpe, o staff de comunicação de Dilma não dissemina pequenos vídeos da presidenta, para serem usados nas redes sociais.
É triste assistir um golpe de Estado. Não iremos aceitá-lo. Iremos lutar com todas as nossas forças para mostrar ao mundo o que aconteceu no país.
Mas se o governo ajudasse um pouco, não se dirigindo deliberadamente ao próprio abismo, as coisas seriam menos desgastantes.

Os senadores deveriam agradecer ao Nobel da Paz por dizer-lhes a verdade sobre o que estão fazendo (Kiko Nogueira)

Postagem 30/abr/2016...

Os senadores deveriam agradecer ao Nobel da Paz por dizer-lhes a verdade sobre o que estão fazendo. Por Kiko Nogueira

Postado em 28 Apr 2016
Esquivel
Esquivel

O Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel deu um corretivo moral no Senado em seu contundente recado sobre o impeachment na quinta, dia 28.
Ajudou a desmoralizar mais ainda o golpe bem na casa onde ele está ocorrendo. O Brasil virou uma piada trágica graças a um grupo de pilantras que é desmascarado dia a dia.
A reação dos senadores da oposição é sintomática e reveladora. Nenhum deles, estranhamente, falou nada depois que Jair Bolsonaro homenageou um torturador homicida na Câmara.
Com Esquivel, em compensação, viraram machos. O senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) chamou a cena de “inaceitável”. “Estou indignado com o que aconteceu neste parlamento”, gritou.
Pediu ao presidente da sessão, Paulo Paim, do PT-RS, que retirasse o discurso das ata taquigráficas da sessão.
Ronaldo Caiado, o sujeito que aparece em passeatas com camisetas com nove dedos sujos de petróleo e que mentiu sobre a existência de um vídeo de um suposto ataque de milícias chavistas na Venezuela, acusou uma “montagem”.
“Foi premeditado. Não foi por acaso que este senhor veio aqui fazer esse pronunciamento. Isso é uma estratégia que este plenário não admite”, afirmou.
Cássio Cunha Lima foi contra a concessão de palavra ao Nobel da Paz, que “não é detentor de mandato”.
Esquivel estivera, pela manhã, com Dilma no Palácio do Planalto. Fora prestar sua solidariedade em razão do impeachment. Após o encontro, salientou que está “muito claro” que está em curso um “golpe de estado, encoberto sobre o que podemos chamar de golpe branco”.
Reiterou sua posição no Senado a convite de Paim.
Foi sucinto: “Venho ao Brasil trazendo a solidariedade e o apoio de muita gente na América Latina para que se respeite a continuidade da constituição e do direito do povo de viver em democracia. Há grandes dificuldades de um golpe de Estado, que já aconteceu em outros países do continente, como Honduras e Paraguai. Espero que saia o melhor deste recinto para o bem da democracia e da vida do povo do Brasil”.
O argentino Esquivel recebeu o Nobel em 1980 por seu trabalho como coordenador, nos anos 70, da fundação do Servicio Paz y Justicia en América Latina em Medellín, na Colômbia. Advogava a resistência às ditaduras sul americanas através da “não-violência ativa”.
O esperneio da direita com o convidado é de uma hipocrisia abismal. Há duas semanas, Eduardo Cunha e seus capangas deram crachás para Kim Kataguiri e Renan Haas, “líderes” do MBL, circularem pelo Salão Verde às vésperas da votação do impedimento na Câmara.
Ao contrário dos dois pequenos fascistas, porém, Esquivel é respeitado e tem autoridade. Sua atitude já está repercutindo no exterior.
Nossos políticos profissionais querem o monopólio da destruição da imagem da democracia brasileira. Adolfo Pérez Esquivel veio confirmar o que fazem. Deveriam agradecer-lhe pela deferência.

Sobre o Autor
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

“A reeleição de FHC criou grandes esquemas para a manutenção de grupos no poder. Tudo começou lá” (Pedro Simon)

Postagem 30/abr/2016...

Simon: “A reeleição de FHC criou grandes esquemas para a manutenção de grupos no poder. Tudo começou lá”


Postado em 30 Apr 2016
Pedro Simon
Pedro Simon
Esta reportagem é mais uma da série do DCM sobre a reeleição de FHC. O projeto de crowdfunding foi financiado pelos leitores no Catarse.

Há alguns dias, a Folha de S.Paulo publicou entrevista com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em que ele fala da necessidade de aliança entre o PSDB, seu partido, e o PMDB de Michel Temer para governar o Brasil. O ex-presidente até sugere alguns nomes tucanos para o Ministério da Fazenda, e define o perfil ideal para o titular da pasta. Para ele, é necessário ter duas habilidades: saber se relacionar com o Congresso e entender de política fiscal.

Nem parece que o entrevistado Fernando Henrique é o mesmo político que, há um ano e meio, viu seu candidato a presidente, Aécio Neves, para quem fez campanha, ser derrotado nas urnas. Agora, ocupa o noticiário como quem conquistou o poder e entre os nomes que sugeriu a Temer está Armínio Fraga, que seria o ministro do candidato que perdeu.
A ousadia política de Fernando Henrique Cardoso foi o tema de uma entrevista que fiz com o ex-senador Pedro Simon na noite desta sexta-feira, quando ele se preparava para uma palestra no Instituto Itamar Franco, em Juiz de Fora. Simon é um dos poucos parlamentares que denunciaram a compra de votos para a aprovação da emenda que permitiu a reeleição de Fernando Henrique Cardoso, em 1998.
“Tenho plena convicção de que a emenda da reeleição só passou no Congresso Nacional porque parlamentares venderam seus votos”, disse o senador, com a autoridade de quem foi senador durante 32 anos e líder do governo Itamar Franco, quando, durante a revisão da Constituinte, em 1993, a proposta de reeleição para prefeitos, governadores e presidente da república foi votada no Congresso Nacional.
“Como líder do governo, eu me reuni com o presidente Itamar Franco e alguns ministros no Palácio do Planalto, para saber qual era a posição do governo. Havia pressão de prefeitos e governadores para aprovar a reeleição, mas o Itamar foi contra. Ele disse que tinha votado contra a reeleição na Constituinte e não poderia ser a favor na reeleição”, recorda Pedro Simon.
Na reunião, o então ministro Fernando Henrique Cardoso estava presente e pediu a palavra. “Ele também disse que tinha votado contra a reeleição na Constituinte e, assim como Itamar, era contra”, diz Pedro Simon.
Pedro Simon voltou para o Congresso e articulou a rejeição da emenda, apesar da vontade dos governadores e prefeitos. Era 1993. “Para minha surpresa, um ano e meio depois, o Fernando Henrique começou a trabalhar pela aprovação de uma emenda para permitir a sua própria reeleição, uma emenda que tinha sido apresentada na Câmara dos Deputados sabe-se lá como, mas que não tinha nenhuma repercussão”, diz.
Segundo Simon, a emenda só começou a andar depois que o Serjão (Sérgio Motta, então ministro das Comunicações e então sócio de Fernando Henrique numa fazenda em Minas Gerais) disse que o PSDB tinha um projeto para permanecer 20 anos no poder.
A emenda que permitiu a reeleição foi apresentada pelo deputado Mendonça Filho, um dos líderes do movimento pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados.
Depois que a emenda proposta por Mendonça Filho foi aprovada, Pedro Simon declarou que mais de 150 parlamentares venderem o voto para aprovação da emenda. Simon diz que não se lembra de ter cravado um número, mas diz que houve, sim, compra de votos, “e não foram poucos”.
“Até gente do PSDB me contou que houve compra de votos, o pagamento era em dinheiro e quem coordenava tudo era o Serjão. Nunca a emenda teria sido aprovada sem compra de votos. A mesma matéria tinha sido rejeitada na Constituinte e na revisão da Constituinte. Por que passou depois? Passou porque o Fernando Henrique Cardoso queria permanecer no poder, e o pessoal que queria 20 anos de governo do PSDB comprou os votos”, afirma.
Para ele, a reeleição permitiu a privatização selvagem no governo de Fernando Henrique Cardoso. Foi Simon quem denunciou no Congresso Nacional que, por pressão do governo os fundos de pensão mudaram de bloco na véspera da privatização da Vale do Rio Doce, definindo quem ganharia. “Foi um negócio absurdo, muito escandaloso”.
Simon acredita que, na aprovação da emenda da reeleição, se encontrará a raiz dos atuais escândalos de corrupção, expostos nas investigações da Operação Lava-Jato.
“Corrupção sempre existiu, mas a criação do instituto da reeleição obrigou a criação de esquemas gigantescos para a manutenção de grupos no poder. Tudo isso começou lá, com o Serjão e o Fernando Henrique”, diz.
Simon deu a entrevista por telefone, durante cerca de meia-hora. A certa altura, ele pediu licença porque já estava quase na hora de falar no Instituto Itamar Franco. Antes de encerrar, pergunto por que nunca houve uma investigação séria sobre a corrupção na aprovação da emenda da reeleição. Simon diz que a tradição no Brasil é varrer para debaixo do tapete a realidade sobre a corrupção.
“Em 1954, com antes do suicídio de Getúlio Vargas, todo mundo falava de corrupção. Depois que ele se matou, o assunto também morreu. Em 1964, depois do golpe que depôs Jango, o tema corrupção também sumiu. Quando derrubamos a ditadura, com o movimento das diretas, a corrupção era um tema presente e, quando os generais foram embora, acabou o assunto. Desconfio que muita gente está tramando a mesma coisa agora. Cassa a Dilma e varre a corrupção para debaixo do tapete. Já vi muita coisa e torço para que isso não se repita”, declara.
As palavras de Simon me remetem a um homem mulato de meia idade, filho de seringueiros, que me recebeu de camiseta numa sala de reuniões da Prefeitura de Rio Branco, no Acre.
É Chicão Brígido, assessor do prefeito Marcus Alexandre. Em 1997, o nome de Chicão Brígido foi citado nas gravações como um dos deputados acreanos que venderam o voto para a aprovação da emenda da reeleição. Na época, dois colegas de bancada renunciaram, mas Chicão resistiu e foi candidato a governador nas eleições seguintes, ficando em penúltimo lugar.
Chicão Brígido
Chicão Brígido

“Eu não vendi voto. Aquilo foi uma injustiça que fizeram comigo”, afirma. Chicão seria mais tarde condenado a dois anos de anos de cadeia pelo crime de concussão, num processo que não tem nada a ver com a reeleição.
No processo em que foi condenado e no qual recorre, ele foi acusado de ficar com parte do salário de funcionários de seu gabinete e de exigir vantagens da suplente para se licenciar e ceder sua vaga.
Sobre a venda de votos para aprovação da emenda da reeleição, Chicão diz: “Me acusaram, colocaram o meu nome no Jornal Nacional e na Revista Veja, mas eu pergunto: se aquilo era verdade, e no meu caso não é, por que não investigaram os corruptores ou o ministro Sérgio Motta?”
No balcão de compra de votos para a reeleição, uma gravação feita pelo Sr. X (Narciso Mendes, ex-deputado) escancarou o esquema de compra de votos no caso da bancada do Acre.
Segundo um dos dois deputados que assumiram na gravação a venda do voto – e depois renunciaram –, Ronivon Santiago, a negociação começou com a emissão de um cheque no valor de 200 mil reais (cerca de 940 mil reais em valores corrigidos pelo IGP-M até 30 de março). O deputado recebia o cheque, com o compromisso de não depositar e sob risco de, depositando, não encontrar fundos lá. Depois do voto a favor, ele ia até um endereço indicado e trocava o cheque por dinheiro vivo, colocado em sacos de papel. Algumas dessas trocas foram feitas em uma sala no próprio Congresso Nacional.
O emissor dos cheques para a bancada do Acre foi um empresário com negócios no Acre e no Amazonas. Seu nome: Eládio Cameli, pai do senador pelo Acre Gladson Cameli (PP), um jovem de 38 anos que faz parte da comissão que decidirá se afasta ou não a presidente Dilma Rousseff da Presidência da República.
Gladson já declarou voto a favor do impeachment e esta semana subiu à tribuna do Senado para ler um discurso em que denuncia o movimento de “alguns” para atacar as instituições brasileiras, como a Câmara dos Deputado e o Supremo Tribunal Federal.
“Será que agora vamos permitir que alguns desqualifiquem o Senado Federal?”, pergunta Sua Excelência.
O senador Cameli também foi citado pelo doleiro Alberto Yousseff como um dos parlamentares para quem ele remetia uma mesada que variava de 30 a 150 mil reais, na legislatura passada, quando Cameli era deputado federal.
Em Rio Branco, quando eu entrevistava O Senhor X Narciso Mendes em seu escritório, na sede de uma de suas empresas, a retransmissora do SBT, Gladson Cameli entrou na sala sem pedir para ser anunciado.
Quando eu soube de quem se tratava, solicitei uma entrevista, e ele concordou, mas pediu dois dias. Na data marcada, sua assessora de imprensa alegou que ele tinha outros compromissos e cancelou a entrevista.
Hoje, o compromisso de Gladson Cameli, conforme o discurso que leu no senado, é dar um fim à “irresponsabilidade do atual governo”.
Sobre o Autor
Jornalista, com passagem pela Veja, Jornal Nacional, entre outros. joaquim.gil@ig.com.br

Gilmar Mendes ganha contrato de R$ 280 mil sem licitação de prefeito de Paulínia (Miguel do Rosário)

Postagem 30/abr/2016...

Gilmar Mendes ganha contrato de R$ 280 mil sem licitação de prefeito de Paulínia

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Gilmar Mendes dará terceiro mandato consecutivo a prefeito de Paulínia?
No blog do Lilnetto.
ATUALIZADO EM 30/04/2016 - 12:56

O prefeito de Paulínia - SP, José Pavan Júnior, ex PSB, recém ingresso no PSDB, já exerceu mandato no período 2009/2012 e em parte do período 2013/2016, estando atualmente em exercício.
Embora derrotado por Edson Moura Júnior (PMDB) na tentativa de reeleição em 2012, Pavan Júnior assumiu parte do mandato seguinte depois que o vitorioso nas urnas teve seus votos e diplomação anulados.
Acontece que ele considera que, por ter exercido apenas parte do atual mandato, teria direito a disputar um terceiro consecutivo, como se o atual não contasse, e, de quebra, poderia até disputar uma nova reeleição em 2020.
Para defender sua tese e seus supostos direitos, Pavan usou de um interessante ardil: contratou, a título de ministrar curso para os servidores municipais, o instituto IDP, de Gilmar Mendes, com aula inaugural do próprio ministro que, na ocasião, teria garantido ao prefeito que sua tese seria aprovada no TSE e viraria jurisprudência.
Parece que caso semelhante a esse, quando Alckmin cumpriu parte do segundo mandato do finado Mário Covas e exerceu posteriormente um mandato completo, para o qual foi eleito como titular, teve outro julgamento, oposto das intenções de Pavan Júnior.
Todas as teses, ou quase todas, em tese, são defensáveis, o estranho é o uso de artifícios esdrúxulos e até ilegais ou criminosos, como o da contratação, pelo erário e sem licitação, do ministro que vai julgar o caso, e que teria garantido a vitória ao prefeito.
O assunto veio à tona por iniciativa do próprio prefeito interessado, através da coluna "Deixe-me falar...", de Mizael Marcelly, no Correio Paulinense, que descreveu detalhes da operação, trazendo, por sua vez, links para o contrato e a publicação no Semanário Oficial do município.
Mizael trata da reunião reservada entre Pavan Jr. e Gilmar Mendes, do contrato de 280 mil Reais, sem licitação, e do anúncio da futura jurisprudência que dará ao prefeito a possibilidade de exercer quatro mandatos consecutivos.

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O PSDB criou uma 'organização criminosa complexa' (Juíza de Minas na sentença condenatória de Eduardo Azeredo)

Postagem 30/abr/2016...

O PSDB criou uma 'organização criminosa complexa'

Ex-governador tucano foi condenado a 20 anos de prisão por lavagem de dinheiro e peculato. Juíza destaca a complexa rede criada para sustentar reeleição.

Jeferson Miola
reprodução
Na sentença proferida no dia 16 de dezembro de 2015, a Juíza Melissa Pinheiro Costa Lage Giovanardi, da 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte, concluiu que "diante de todo o conjunto probatório que fora exposto, não restam dúvidas de que o acusado EDUARDO BRANDÃO DE AZEREDO, para disputar a reeleição ao cargo de Governador do Estado de Minas Gerais, no ano de 1998, criou uma estrutura político-financeira a fim de legitimar, lavar, os vultuosos recursos que seriam utilizados durante a campanha. Criou se uma organização criminosa complexa, com divisão de tarefas aprofundada, de forma metódica e duradoura".
 
"Foi criado um caixa robusto para a campanha eleitoral, com arrecadação de fundos de diversas fontes, inclusive de recursos públicos da COPASA, da COMIG e do BEMGE, aproveitando- se do uso da máquina pública. Utilizando- se das empresas de publicidade de propriedade de MARCOS VALÉRIO FERNANDES DE SOUZA realizou -se o processo de legitimação do dinheiro ilícito e sua distribuição aos colaboradores da campanha, recursos esses que não constaram na prestação de contas apresentada perante a Justiça Eleitoral pela coligação PSDB -PFL".

O ex-governador tucano foi condenado a 20 anos e 10 meses pelos crimes de lavagem de dinheiro e peculato, que corresponde ao uso do cargo público para o desvio de dinheiro público. A sentença completa pode ser lida na página do Tribunal de Justiça de Minas Gerais - http://goo.gl/yOTvgq.
 
Na sentença, a Juíza salienta que "Diante de todas as provas acostadas e analisadas, não há outra conclusão que não seja a de que a autoria restou devidamente comprovada, sendo certo que o acusado, juntamente com seus pares, planejou e determinou a execução de toda a empreitada criminosa a fim de desviar dinheiro público das empresas estatais ...".

Esta engrenagem corrupta, que contaminou o sistema político brasileiro, foi inventada pelos tucanos nos anos 1990, e envolveu personagens e empresas conhecidas posteriormente no chamado "mensalão", como Marcos Valério, Cristiano Paz, Ramon Hollerbach, SMP&B Publicidade Ltda, DNA Publicidade e Banco Rural.
 
Nos escândalos atuais da Petrobrás, é instigante que tanto os personagens da era tucana como os mecanismos de corrupção e propina se repetem hoje.

O PSDB fez de tudo para impedir a apuração e o julgamento da "organização criminosa complexa" que criou em Minas Gerais, assim como faz em relação à corrupção que implantou na Petrobrás no período do governo FHC e como faz em relação aos escândalos que se sucedem em São Paulo nas duas décadas de governos tucanos naquele estado.






Senadores de várias tendências propõem eleição presidencial ainda este ano

Postagem 30/abr/2016...

Senadores de várias tendências propõem eleição presidencial ainda este ano

Senadores do PT, PMDB, PSB, REDE, PDT, PSD, PCdoB e PT encaminharam uma carta a Dilma Rousseff, através do Ministro Jaques Wagner, em que propõem à presidente renunciar, abrindo mão de parte do seu mandato, e convocar uma eleição presidencial extraordinária, coincidindo com as eleições municipais de 2 de outubro deste ano.

Para isso, seria necessário que o Poder Executivo encaminhasse uma Proposta de Emenda Constitucional ao Legislativo e solicitasse urgência na tramitação desta PEC.
Na opinião dos senadores, a eleição presidencial extraordinária acalmaria os ânimos políticos no país, que estão muito tensos com a tramitação do processo de impeachment da Presidente da República no Senado Federal.
A Rádio Sputnik Brasil conversou com dois destes senadores que subscreveram a carta. Randolfe Rodrigues (REDE-AP) disse que “esta proposta é uma grande oportunidade para a Presidente Dilma Rousseff sair pela porta da frente do Palácio do Planalto e é a única alternativa fiável e exequível para a Presidente da República resolver a crise política no país. Não é uma alternativa para a crise política deixar o país nas mãos do Vice-Presidente Michel Temer que participou e levou o país à situação de crise em que estamos hoje. Inclusive o seu partido, PMDB, tem boa parte dos seus membros, inclusive os Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, implicados na Operação Lava-Jato.”
Já o Senador Paulo Paim (PT-RS) entende que o país trabalha com dois cenários políticos: “Primeiro cenário: o impeachment da Presidente Dilma Rousseff deverá passar e seis meses depois, o próprio Michel Temer poderá ser afastado pelo mesmo motivo. Segundo cenário: Digamos que seis meses depois de instaurado o processo de impeachment de Dilma Rousseff ela seja afastada de vez do comando político do país e Michel Temer assume a Chefia do Governo e do Estado. Ora, as últimas pesquisas dizem que Michel Temer tem, apenas, 8% de aprovação popular. Dizem também que 65% da população não querem Dilma nem Temer à frente do governo do Brasil. Então, qual é a nossa proposta para o bem do país? Primeiro, convoca-se um plebiscito para que a população diga se aceita ou não participar de uma eleição presidencial extraordinária. Em aceitando a proposta, a população obriga a Presidente a deixar o cargo e convocar o pleito. Em seguida, escolhe-se um novo responsável pelo destino do país que ficará no cargo até 31 de dezembro de 2018, já que a eleição presidencial daquele ano fica mantida pela nossa proposta.”
A Rádio Sputnik também ouviu a ex-Ministra-Chefe da Casa Civil da Presidente Dilma Rousseff, a hoje Senadora, Gleisi Hoffmann (PT-PR). A Senadora não subscreveu esta carta encaminhada à Presidente da República mas está convicta de que, dificilmente, ela concordará com os seus termos:
“Pelo que conheço da Presidente Dilma Rousseff, ela é uma mulher bastante determinada que não cogita e jamais cogitou da palavra renúncia. Simplesmente, esta palavra não é utilizada por ela. Não conversei com a Presidente sobre esta carta nem sei sua posição a respeito. Sei, no entanto, que todos nós estamos acompanhando a situação política no país, de modo a reunir elementos para propor uma saída eficaz para a crise política que está dominando o Brasil. Até porque alçar o Vice-Presidente à condição de Presidente não é garantia alguma de que o país atingirá, imediatamente, alguma melhora em sua situação política e econômica, conforme ele mesmo vem pregando. Então, nós dependemos, primeiramente, da solução que virá do Senado sobre a situação de impeachment da Presidente Dilma Rousseff. Mas entendo que, se a Presidente decidir acatar a sugestão dos Senadores, ela poderá perfeitamente encaminhar a Proposta de Emenda Constitucional ao Congresso, convocando a eleição presidencial extraordinária e informando que abrirá mão de parte do seu mandato, sem necessariamente renunciar a ele.”