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sábado, 31 de dezembro de 2011

Primaveras. Revoluções. Estamos em plena revolução conduzida pela classe média... Veja observações do Historiador Hobsbawm...


Revoluções de 2011 'me lembram 1848', diz Hobsbawm

Atualizado em  31 de dezembro, 2011 - 19:01 (Brasília) 21:01 GMT
Eric Hobsbawn
Para o historiador, é a classe média e não os operários quem impulsiona as atuais revoltas
O prestigiado historiador britânico Eric Hobsbawm comparou as revoltas no mundo árabe em 2011 às revoluções que explodiram na Europa no fatídico ano de 1848.
Em entrevista à BBC, Hobsbawm ressaltou que desta vez os movimentos de contestação são impulsionados pela classe média, e não pelo proletariado.
"Foi uma grande alegria redescobrir que é possível que as pessoas saiam às ruas para se manifestar e derrubar governos", disse o historiador, que passou toda sua vida ligado às revoluções.
Hobsbawm nasceu poucos meses antes da Revolução Russa, de 1917, e foi comunista a maior parte de sua vida, assim com um influente pensador marxista. Um de seus livros mais conhecidos, a Era das Revoluções, que retrata justamente as revoltas de 1848, é um clássico da historiografia.
Além de escrever sobre as revoluções, Hobsbawm também apoiou algumas revoltas. Com mais de 90 anos, sua longa paixão pela política aparece no título de seu mais novo livro:How to change the World (Como mudar o mundo) e em seu enorme interesse pela Primavera Árabe.
"A verdade é que eu tenho um sentimento de excitação e alívio", disse, ao receber a reportagem em sua casa em Hampstead Heath, bairro no norte de Londres.

Democracias árabes?

Para Hobsbawm, 2011 lembra outro ano de revoluções.
"Me lembra 1848, outra revolução impulsionada de forma autônoma, que começou em um país e depois se estendeu por todo um continente em pouco tempo", diz.
"A esquerda tradicional estava orientada para um tipo de sociedade que já não existe mais ou está deixando de existir. Acreditava-se sobretudo no movimento operário como o grande responsável pelo futuro. Bem, nos desindustrializamos e isso já não é possível"
Eric Hobsbawn
Naquele ano, um levante popular em Paris acabou se alastrando pela área da atual Alemanha e Itália e pelo Império Habsburgo (hoje Áustria).
Para quem ajudou a encher a praça Tahir, no Cairo, derrubando o regime de Hosni Mubarak, em fevereiro, e agora teme pelo destino da revolução egípcia Hobsbawm tem uma palavra de alento.
"Dois anos após 1848, tudo parecia como se houvesse fracassado. Mas no longo prazo não houve fracasso. Conseguiu-se uma boa quantidade de avanços liberais. De modo que foi um fracasso imediato, mas um êxito parcial no médio prazo, ainda que não tenha sido na forma de revolução", diz.
Talvez com exceção da Tunísia, Hobsbawm não vê grandes possibilidades da democracia liberal ou governos representativos ao estilo ocidental triunfarem no mundo árabe.
O historiador ressalta ainda as diferenças entre os vários países varridos pela atual onda revolucionária.
"Estamos no meio de uma revolução, mas não de uma única revolução", diz.
"O que une (os árabes) é um descontentamento comum e forças de mobilização comuns: uma casse média modernizadora, sobretudo jovem, estudantes e, principalmente, uma tecnologia que permite que hoje seja muito mais fácil mobilizar os protestos", afirma.

Indignados e 'Occupy'

A importância das redes sociais também ficou evidente em outro movimento que marcou 2011: os protestos dos indignados e as ocupações que ocorreram na Europa e na América do Norte.
Segundo Hobsbawm, o movimento remonta à campanha eleitora de Barack Obama, em 2008. Na ocasião, o então candidato mobilizou com sucesso uma juventude até então apática à política por meio da internet.
"As ocupações, em sua maioria, não foram protestos de massa, não foram os 99% (da população), mas de estudantes e membros da contracultura. Em momentos, isso encontro eco na opinião pública. É o caso dos protestos contra Wall Street e as ocupações anticapitalistas", afirma.
De todo modo, a velha esquerda, da qual Hobsbawm tomou parte, manteve-se às margens das manifestações.
"A esquerda tradicional estava orientada para um tipo de sociedade que já não existe mais ou está deixando de existir. Acreditava-se sobretudo no movimento operário como o grande responsável pelo futuro. Bem, nos desindustrializamos e isso já não é possível", destaca o historiador.
Praça Tahir, Egito. Reuters
Hobsbawn lembra que houve revezes após as revoluções de 1848, mas o saldo foi positivo
"As mobilizações de massa mais efetivas hoje são aquelas que começam em meio a uma classe média moderna e em particular em um grupo grande de estudantes. São mais efetivos em países onde, demograficamente, os jovens são mais numerosos", diz.

Compreender o passado

Eric Hobsbawm não espera que as revoluções árabes tenham maiores ecos no mundo, ao menos não como uma antessala de uma revolução mais ampla.
Será mais provável, assegura, uma dinâmica que compreenda reformas graduais do estilo das que "ocorreram na Coreia do Sul nos anos 1980, quando uma classe média jovem passou a disputar o poder com os militares".
Sobre o drama político que ainda se desenrola nos países árabes, o historiador diz que vale a pena recordar o Irã de 1979, cenário da primeira revolução que teve o Islã como elemento político.
Esse aspecto da revolução iraniana teve reflexos na Primavera Árabe.
"Quem fez concessões ao Islã sem ser religioso acabou marginalizado. Dentre eles os reformistas, liberais e comunistas", diz, destacando outros grupos que se somaram aos religiosos para derrubar a monarquia iraniana alinhada ao Ocidente.
"A ideologia das massas não é a ideologia dos que começaram as manifestações", pontua.
Embora diga que a Primavera Árabe lhe tenha causado alegria, Hobsbawm diz que o elemento religioso no movimento é "desnecessário e não necessariamente bem-vindo".

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31 de dezembro de 2011  16h44

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VIVIANE VAZ
Direto de Jerusalém
Os cristãos são hoje minoria na cidade sagrada para as três grandes religiões monoteístas do mundo (cristianismo, judaísmo e islamismo). Dos cerca de 800 mil habitantes, a cidade conta com apenas 14,6 mil moradores cristãos. É o que demonstrou esta semana um relatório preparado pelo Instituto para Estudos de Israel de Jerusalém. O estudo, intitulado "Cristãos e Cristianismo em Jerusalém", mostra que no final do mandato britânico na Terra Santa, em 1946, os cristãos representavam 19% da população total da cidade. Hoje são apenas 1,9%, e podem dimuir ainda mais nas próximas décadas.
"A maior razão para a queda no número de cristãos nos últimos 65 anos é o resultado da guerra de 1948, quando não só os britânicos e a maioria dos cristãos europeus que moravam na cidade se retiraram, mas também um número significativo de residentes árabes cristãos", explica o israelense Amnon Ramon, responsável pelo estudo. Quando houve o confronto entre entre judeus israelenses e árabes muçulmanos palestinos, muitos cristãos decidiram deixar a cidade.
Depois, com o fim da guerra dos Seis Dias, em 1967, o número começou a se estabilizar, mas se manteve baixo. Em setembro daquele ano havia 12,9 mil cristãos. Em 1988, o número chegou a 14,4 mil, próximo à cifra atual. A porcentagem de adeptos do cristianismo em relação ao total da população diminuiu de 2,9% em 1988, para 1,9%, no fim de 2010. Amnon explica que o resultado se deve à baixa taxa de natalidade entre cristãos e a ausência de imigração cristã para Jerusalém. "Tememos que em 20 ou 30 anos quase não haja cristãos locais (nascidos de famílias de Jerusalém)", alerta.
A grande maioria hoje ainda é composta por árabes. De acordo com o Departamento de Estatísticas de Israel, até o fim de 2010, do total de cristãos havia 11.576 árabes e 3.029 de não árabes. O segundo grupo é formado principalmente por imigrantes da ex-União Soviética, refugiados de origem sudanesa e eritreia, habitantes de origem armênia, trabalhadores estrangeiros.
A alemã Meike Schmidt, 29 anos, vive há quatro anos em Jerusalém e trabalha em uma organização religiosa na cidade antiga. "A grande diferença de ser cristão em Jerusalém é não vermos nossas tradições e costumes à nossa volta, como em outros países - a menos que você viva dentro da cidade antiga, no bairro cristão", conta. Meike, porém, não sente atrito entre as distintas comunidades religiosas, porque considera que seus adeptos vivem separados, cada um "para seu lado, observando seu estilo de vida".
Apesar do baixo número de moradores cristãos em Jerusalém, o relatório indica que a presença do cristianismo na cidade ainda é "fisicamente proeminente" e se faz notar pelo grande número de turistas cristãos e pelas construções arquitetônicas espalhadas pela cidade - igrejas, monastérios, hospitais e escolas. Uma pesquisa do ano 2000 citada pelo informe recorda que há 117 instituições cristãs na Cidade Antiga e no Monte Sion; dentre elas, 20 são orgãos educacionais. No turismo, entretanto, os cristãos são maioria. Em 2010, 66% dos turistas se identificaram como cristãos e 30%, judeus.
Amnon é praticante do judaísmo e tenta chamar a atenção dos israelenses sobre a contribuição dos cristãos para a paisagem da cidade. "Trata-se de um grupo importante e sua presença colabora para o cenário de tolerância religiosa e democracia no país, além da economia", alerta. O especialista reconhece que a vida dos cristãos no Oriente Médio não tem sido fácil e exemplifica o aumento de setores radicais do Islã, que tratam não-muçulmanos como cidadãos de segunda classe ou com violência - como ocorreu no Egito, Gaza, Síria e Iraque. Amnon preocupa-se ainda com judeus ultra-ortodoxos que procuram impor regras para que Israel tenha caráter mais religioso e menos democrático.
"O Cristianismo foi o alto-falante que espalhou o caráter sagrado de Jerusalém ao redor do mundo e a tornou uma 'cidade global'", ressalta Amon, que também ensina Religião Comparada na Universidade Hebreia de Jerusalém. "O desaparecimento das comunidades cristãs e as igrejas do panorama da cidade e de seu subúrbio seria um golpe severo ao charme da cidade e ao seu caráter especial, sem paralelos no mundo", conclui o pesquisador.

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Opera Mundi - 31/12/2011 - 17h22

A criminalização do consumo de drogas – inclusive do plantio da folha de coca, ancestral para os povos andinos – foi definida pela ONU em 1961 e, até agora, pouco mudou. “Os EUA continuam sendo o principal empecilho para a discussão do assunto a nível internacional. Eles não permitem nem colocar a expressão ‘redução de danos’ nas resoluções”, diz Pedro Abramovay.

Porém, dentro do próprio território norte-americano a maconha já é autorizada para uso medicinal em 14 Estados. E em 2012, alguns deles realizarão plebiscitos para radicalizar a lei. “Segundo as pesquisas, em dois Estados a legalização está na frente: Washington e Colorado. Se um estado norte-americano legalizar, isso provavelmente vai para a Suprema Corte e, caso seja aprovado, aí o regime de proibição internacional fica muito frágil”, analisa Abramovay.

Outros lugares também apontam para mudanças a curto prazo. Na República Tcheca, um grupo de especialistas está finalizando uma proposta de legislação para que a maconha possa ser utilizada em circunstâncias medicinais.

Também a Dinamarca está discutindo a legalização da canabis. “A Câmara dos Vereadores de Copenhague votou favoravelmente a isso. É a segunda vez que acontece. Na primeira, a questão foi barrada pelo Parlamento dinamarquês, mas agora parece que a correlação de forças permite sua aprovação”, afirma Abramovay.

Caso entre em vigor, serão fornecidas licenças individuais aos plantadores de maconha. O município calcula também que existirão cerca de 30 ou 40 estabelecimentos comerciais públicos para a venda da substância. “O que é melhor para os jovens: comprar de um funcionário público ou de um traficante?”, ponderou, em entrevista, Mikkel Warming, responsável pelos assuntos sociais do conselho da cidade.


EUA autorizaram extradição ao México de ex-produtor de TV acusado de matar brasileira - Internacional - Notícia - VEJA.com

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31/12/2011 - 16:41

Justiça

EUA autorizam extradição de ex-produtor de TV acusado de matar brasileira

Data da entrega de americano ao México, porém, não foi determinada

Produtor de Survivor acusado de matar brasileira

Produtor de Survivor acusado de matar brasileira (Damian Dorvaganes/AP)

Os Estados Unidos autorizaram a extradição ao México do ex-produtor do programa de televisão "Survivor", Bruce Beresford-Redman, suspeito de assassinar a esposa brasileira, Mônica Burgos, informou neste sábado o Ministério Público mexicano. Em comunicado, a justiça mexicana informou que a entrega de Bruce Beresford-Redman aos EUA será realizada em data ainda não determinada.

"O Departamento de Justiça americano, através do juiz federal Philip S. Gutiérrez ratificou o processo de extradição, considerando que há provas suficientes para que seja julgado no México". Ele responderá, agora, por acusações de homicídio qualificado.

Caso – Em abril de 2010, Beresford-Redman notificou a polícia de Cancún sobre o desaparecimento de sua mulher, dizendo que ela havia saído para fazer compras e desaparecido. Após dois dias de buscas, que contaram com funcionários da Cruz Vermelha, bombeiros, peritos em rastreamento, o corpo da brasileira foi encontrado com marcas de espancamento no esgoto do hotel.

A partir de então, as atenções se voltaram para Beresford-Redman. Além de ter arranhões no rosto e nos braços, ele caiu em uma série de contradições que levaram a Justiça mexicana a intimá-lo.

No México, o passaporte do produtor foi retido como medida cautelar para evitar que abandonasse o país. Porém, no mês seguinte Beresford-Redman apareceu em sua residência na Califórnia e justificou sua saída do México alegando que não havia denúncia formal contra ele e que deveria voltar ao trabalho e tomar conta dos filhos. Depois disso, foi preso, a pedido dos promotores do caso, e teve a extradição pedida pelo México e aceita pelos EUA.

(Com agência France-Presse)